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segunda-feira, 26 de março de 2012

História das procissões

(...) Outro vestígio da religião dos gregos e dos romanos - tidos por idólatras - é levar imagens em procissão, pois também eles transportavam seus ídolos de lugar para lugar, nma espécie de carroça, -  o andor de hoje - que era especialmente destinada para esse fim. Chamava-se thensa e vehiculum deorum pelos latinos.
A imagem era colocada numa moldura ou escrínio, que chamavam ferculum. Aquilo que denominavam pompa é o mesmo que atualmente se denomina procissão. Concordante com isso, entre as honras divinas, foram prestadas a Júlio César pelo senado, uma delas foi que na pompa ou procissão nos jogos circenses, ele teria  thensam et ferculum, uma carroça sagrada e um escrínio. Isso era o mesmo que ser transportado como um deus, tal como atualmente os papas -  e no Brasil os bispos e políticos -  são transportados pelos suiços debaixo de um pálio.
Pertenciam também a estas procissões as tochas acesas e as velas diante das imagens dos deuses, tanto entre os gregos como entre os romanos. Mais à frente os imperadores de Roma receberam as mesmas honras, como lemos acerca de Calígula, que ao ascender ao império foi transportado de Misenum para Roma, no meio de uma multidão, por caminhos enfeitados com altares e animais para sacrifício e tochas acesas. A respeito de Caracala, que foi recebido em Alexandria, com  incenso, com flores arremessadas e dadouxíais, ou seja, com tochas, pois dadouxoi eram aqueles que entre os gregos seguravam as tochas acesas nas procissões de seus deuses.
Passados os tempos o povo devoto mas ignorante muitas vezes prestou honras a seus bispos com uma pompa semelhante de velas de cera, e às imagens de nosso Salvador e dos santos, constantemente, na própria igreja. Dessa forma se chegou ao uso de velas de cera que foi também estabelecido por alguns antigos concílios. 
Tinham também sua aqua lustralis os pagãos, quer dizer, a água benta. A Igreja de Roma também os imita em seus dias santos. Os pagãos tinham suas bacanais e nós temos as nossas vigílias que lhes correspondem, eles as saturnalia, nós os carnavais e a liberdade dos servos na terça-feira de entrudo, eles sua procissão de Plíapo, nós a festa de ir buscar, levantar e dançar à volta dos maios. Dançar é uma das formas de culto. Os pagãos tinham a procissão chamada ambarvalia e nós a procissão pelos campos na seman das ladainhas. Não acho que estas sejam todas as cerimônias que foram deixadas na Igreja desde a primeira conversão dos pagãos, mas todas são as que de momento consigo lembrar. Se alguém observasse bem aquilo que é contado nas histórias referentes aos ritos religiosos dos gregos e dos romanos, não duvido que encontraria mais destas velhas garrafas vazias do paganismo que os doutores da Igreja Romana, por negligência  ou ambição, encheram outra vez com o novo vinho da cristandade, costumes e práticas que não deixarão de destruí-los com o passar do tempo (...) - THOMAS HOBBES - Leviatã

Assim, para os que consideram as procissões demonstrações de cultura e fé, eu digo, fazendo coro com o autor citado, que são manifestações pagãs e de idolatria. 
E agora, carolas e ratos de sacristia?

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