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domingo, 1 de agosto de 2010

HISTÓRIA DO CAVALO NAS AMÉRICAS

- O inca GARCILASO DE LA VEJA, em Los Comentários Reales (Libreria Bendezu/Lima-Peru) escreveu interessantes comentários a respeito da chegada dos cavalos naquela civilização, senão vejamos: (...) Capítulo XVI – Das éguas e cavalos e como os criavam no princípio e o muito que valiam - Porque aos nativos e aos visitantes será agradável saber as coisas que não haviam no Perú antes que os espanhóis o descobrissem, me motivou fazer capítulo delas à parte, para que se veja e considere com quantas coisas menos e quão necessárias à vida humana, se passava aquela gente, e viviam muito contente sem elas. Primeiramente, é de saber que não tiveram cavalos nem éguas para suas guerras ou festas, nem vaca, nem bois para arar a terra e fazer sementeiras, nem camelos, nem asnos, nem mulos (...) Quanto (...) às éguas e cavalos, levaram-nos consigo os espanhóis, e mediante eles têm feito as conquistas do Novo Mundo. (...) A raça dos cavalos e éguas que existe em todos os reinos e províncias das Índias que os espanhóis têm descoberto e ganho, desde o ano de 1492 até agora, é de Espanha, particularmente de Andalucia. Os primeiros foram levados à Ilha de Cuba e de Santo Domingo, e logo às demais ilhas de Borlavento, à medida em que as iam descobrindo e ganhando. Criando-se nelas em grande abundância, dali os levaram à conquista do México e do Peru, etc. No princípio, parte por descuidos dos donos e parte pela muita aspereza das montanhas daquela ilha, que são incríveis, acabavam algumas éguas metidas pelos montes, não se podendo recolhê-las e se perdiam. Desta maneira, aos poucos se extraviaram muitas. E ainda que seus donos, vendo que se reproduziam bem nos montes e que não havia animais ferozes que lhes causassem danos, deixavam ir com as outras as que tinham recolhidas. Desta maneira se fizeram bravos e chucros éguas e cavalos naquelas ilhas que fugiam das pessoas como veados. Em decorrência da fertilidade da terra, quente e úmida, que nunca faltava nela erva verde, multiplicaram-se em grande número. Pois, como os espanhóis que naquelas ilhas viviam, vissem que para as conquistas futuras eram imprescindíveis cavalos, e que os dali eram muito bons, deram em criá-los em granjas, porque se os pagavam muito bem. Haviam homens que tinham em suas cavalariças trinta, quarenta, cinqüenta cavalos, como dissemos em nossa história da Flórida (...). Para prender os potros, haviam currais de madeira nas montanhas (...) , por onde entravam e saíam a pastar (...) Arremessam laços aos potros de três anos e os atam às árvores e soltam as éguas. Os potros ficam atados três ou quatro dias, dando saltos e corcovos, até que, cansados e com fome, não podem resistir, sendo-lhes colocadas selas e freios e levando-se-lhes pelo cabresto. Desta maneira os conservam durante quinze ou vinte dias, até que os amansam. Os potros, como animais que foram criados para que servissem o homem, aceitam com muita nobreza e lealdade as lições, tanto que, poucos dias depois de domados, jogam cañas neles. Saem muito bons cavalos. (...) Os cavalos do Perú são domados mais cedo que na Espanha. A primeira vez que joguei cañas em Cusco foi em um cavalo tão novo que ainda não tinha três anos. (...) Comumente os índios têm muito medo dos cavalos.. Vendo-os correrem, se desatinam de tal maneira que, por mais larga que seja a estrada, não sabem encostar-se em uma das paredes e deixá-los passarem, ficando a correr desatinadamente de um lado para o outro da rua, com medo de serem atropelados. Andam tão cegos de medo que, muitas vezes chegam a ir-se colidir com os cavalos, para fugirem deles. (...) O trabalho dos domadores, com cavalos tão nobres, sem fazer-lhes violência, dava resultados muito satisfatórios (...) No princípio das conquistas, em todo o Mundo Novo, achavam os índios que o cavalo e o cavaleiro eram uma só peça, como o centauro dos poetas. (...) – págs. 80 e seguintes.

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