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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Música e ativismo político

02/08/2010 - 07h07

Cantora israelense que faz show em SP critica boicote de artistas ao país

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MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Noa, a mais internacional e politizada cantora de Israel, se apresenta nesta segunda-feira em São Paulo com um repertório que reflete a diversidade de seu trabalho e a proposta de usar a música para unir universos em conflito.

Ao lado da cantora e atriz palestina Mira Awad, Noa, 41, apresentará ao público brasileiro canções em hebraico, árabe e inglês. Seus espetáculos encantam plateias em todo o mundo pela voz privilegiada, sem deixar de lado a polêmica por suas posições políticas.

No ano passado, Noa recebeu críticas e ameaças de boicote depois de divulgar uma carta aberta ao povo palestino, em meio à ofensiva israelense contra o grupo islâmico Hamas, na faixa de Gaza.

Em entrevista à Folha, Noa falou sobre a polêmica e rebateu as críticas.


Divulgação
a cantora israelense Noa
Cantora israelense Noa faz show em São Paulo com canções com letras em hebraico, árabe e inglês

Conhecida pelo ativismo em defesa do processo de paz, a cantora e compositora irritou defensores dos palestinos por ter incluído em sua carta ataques furiosos ao Hamas, que afirmou representar o "câncer, o vírus, o monstro do fanatismo".

Suas palavras foram interpretadas como uma defesa da ofensiva israelense --que durante 22 dias destruiu milhares de casas em Gaza e deixou cerca de 1.400 mortos-- e ela enfrentou protestos em shows em Israel e no exterior.

Na entrevista por email à Folha, Noa reproduziu uma segunda carta que escreveu para se defender dos ataques.

"Sempre fui e continuo sendo contra o uso da violência de todos os lados. Sempre apoiei a busca dos palestinos por independência em um Estado soberano ao lado de Israel", afirma.

"Há uma grande distinção entre minha opinião sobre o Hamas e meu apoio ao povo palestino", prossegue a cantora, que justifica a aversão ao grupo islâmico pelo fanatismo religioso que reprime direitos dos palestinos de Gaza e prega a destruição de Israel.

Judia de origem iemenita, Noa nasceu em Tel Aviv, mas mudou-se com a família para Nova York logo aos dois anos de idade, e só voltou a Israel quando tinha 17.

Após o serviço militar obrigatório deu início a uma carreira prolífica, em que a alquimia musical composta de elementos étnicos, pop, rock e folk lhe garantiram uma bem-sucedida carreira internacional.

O som eclético e as posições paficistas a levaram a se apresentar em palcos tão diversos como o Vaticano, diante do papa João Paulo II, e o fórum econômico mundial de Davos.

Numa região conturbada como o Oriente Médio, Noa não vê problema em misturar política e arte, e acredita que artistas podem ter um impacto positivo. Mas critica o boicote que alguns músicos tem feito contra Israel.

Nos últimos meses, uma série de artistas estrangeiros cancelaram shows em Israel em protesto contra as políticas do país em relação aos palestinos, entre eles Carlos Santana, Elvis Costello e a banda de rock Pixies.

"Lamento muito a decisão deles. Não posso apoiar o boicote artístico de forma alguma", diz Noa. "Eu respeitaria muito mais esses artistas se eles viessem e expressassem suas visões, em vez de sucumbir à propaganda e à moda".

A parceria com a cantora árabe-israelense Mira Awad faz parte da visão de Noa de que é possível dialogar através da arte. As duas representaram Israel no concurso Eurovision do ano passado, o que rendeu críticas de árabes a Mira.

"Nossa colaboração e amizade não refletem a realidade em Israel, mas são um exemplo do que poderia ser alcançado se houvesse mais boa vontade, respeito, comunicação e ação em direção à paz", diz Noa.

Além de cantora, Mira é uma atriz de sucesso, com papéis no cinema e na TV que lhe deram visibilidade e popularidade entre o público israelense. Sua opinião sobre o boicote a Israel é um pouco diferente.

"O boicote sempre foi uma forma de resistência legítima ao longo da história em todos os cantos do mundo", disse Mira. "Mas pessoalmente, eu não acredito que ele deu frutos. Creio fortemente no diálogo."

Fã de música brasileira, Noa cita entre seus favoritos Caetano Veloso, João Bosco, Elis Regina, Milton Nascimento e "o grande Tom Jobim".

No show de hoje em São Paulo, Noa promete uma seleção de canções de todos os seus álbuns. "Espero que o público venha de mente aberta e bom espírito".

Fonte: Folha de SP

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