Azevedo (foto) fala manso, mas é mais
radical que o espalhafatoso Malafaia
Ao comentar a decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul de retirar os crucifixos de suas instalações, o padre Paulo Ricardo de Azevedo Jr. (foto), da Arquidiocese de Cuiabá (MT), acusou os magistrados de imporem à sociedade uma “cultura ateia”, em detrimento dos valores cristãos. Para ele, isso é uma “perversão que abala o princípio da própria Justiça”.
Azevedo é um padre de fala mansa e gestos comedidos. Nesse aspecto, ele é bem diferente do espalhafatoso pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo. Mas Azevedo pode ser chamado de “o Malafaia da Igreja Católica” pela radicalidade de suas pregações e por suas ideias, que se situam à direita até mesmo em relação às do seu colega evangélico.
Ambos sofrem dos males da teoria da conspiração contra os valores cristãos. Para Malafaia, o movimento gay quer dominar o Brasil e o mundo. Para Azevedo, os conspiradores preferenciais são os ateus e os marxistas.
Em um vídeo de 12 minutos postado no Youtube no dia 21 de junho, o padre se muniu de arrogância para dizer que os juízes, em suas sentenças, não devem se desviar dos valores morais católicos, os quais, segundo ele, são as fontes de inspiração de todo o saber jurídico. Ele conclamou seus fiéis a denunciarem o “ativismo” ateu no judiciário porque, se isso não for detido, o país será lançado no abismo.
O padre chamou de “malfeitores” os juízes que interpretam "a lei conforme a sua imaginação”, sem levar em conta os referenciais cristãos.
Azevedo admitiu que o Estado não tem religião, mas acrescentou que o povo brasileiro é cristão, o que, segundo ele, os juízes do Rio Grande do Sul não respeitaram quando decidiram pela retirada dos crucifixos das dependências da instituição.
Para justificar seus argumentos, o padre confundiu Estado laico com Estado ateu e ateísmo com religião. Ele disse que a abolição de todos os símbolos religiosos do espaço público consagraria o ateísmo como a “religiosidade oficial”, em confronto com a religiosidade do povo, ao qual o Estado deveria estar a serviço.
A arrogância do Malafaia católico não se limita em dizer como os juízes devem julgar, porque inclui como os seus colegas padres devem se comportar.
No começo do ano, em seu programa na TV Canção Nova, ele criticou os “padres que caíram no mundão” — os sacerdotes que não usam batina e desfrutam da “festança e do pecado”.
Na época, 27 padres pediram à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) o afastamento de Azevedo de suas atividades, fato inédito na história da Igreja Católica brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário