Tondela - Funcionário do hospital acusado por duplo homicídio
Aos domingos dava catequese às crianças a quem ensinava as virtudes da fé e do bom comportamento, mas em casa debatia-se com discussões constantes com a companheira do pai, que nunca aceitou como madrasta.
Por:Luís Oliveira
Paulo Ferraz, 38 anos, funcionário administrativo do Hospital de Tondela, perdeu as estribeiras durante um desentendimento com a madrasta e atacou-a: primeiro com golpes de machada e depois a tiro de caçadeira. A seguir matou o pai com um tiro. O duplo homicídio deixou em choque a população de Póvoa de Baixo, Tondela, e vai começar a ser julgado esta quarta-feira. Paulo Ferraz arrisca a pena máxima: 25 anos de prisão.
As duas vítimas, Fernando Ferraz, 68 anos, e Odete Ferraz, de 57, e o arguido partilhavam a mesma casa. As discussões eram uma constante, mas ultrapassaram o limite a meio da manhã do dia 27 de Julho de 2010. Segundo a acusação, a que o CM teve acesso, o arguido, "no âmbito de nova discussão com a sua madrasta", pegou numa machada de cortar e picar carne e "desferiu vários golpes na cabeça e na mão esquerda, até partir o cabo da machada".
Odete Ferraz fugiu para o exterior da casa a gritar por ajuda, gritos que foram ouvidos por Fernando, que estava sentado no carro e foi em seu auxílio. O homem foi para a cozinha e pediu ajuda por telefone, enquanto o filho foi a um quarto e empunhou uma espingarda de canos sobrepostos. O catequista dirigiu-se ao pai, "apontou-lhe a arma e premiu o gatilho, mas a arma encravou". Fernando agarrou na espingarda e o arguido fez um disparo, que não atingiu ninguém. Paulo Ferraz voltou ao quarto, recarregou a espingarda e atingiu o pai com um tiro no pescoço e face. Foi de novo ao quarto, carregou a arma "e foi no encalço" de Odete, que estava a esvair-se em sangue. Atingiu-a com dois tiros na cabeça. Depois esperou pela GNR e entregou-se sem resistir.
POPULAÇÃO EM CHOQUE COM CRIME BRUTAL
Os habitantes de Póvoa de Baixo e do concelho de Tondela em geral ficaram chocados com o duplo homicídio porque estavam longe de imaginar que Paulo Ferraz, que gozava de uma reputação inquestionável, fosse capaz de cometer os crimes. Os desentendimentos entre Paulo e a madrasta foram uma novidade para os vizinhos e amigos da família. Um dos vizinhos caracterizou Paulo como " um rapaz do melhor, muito educado e trabalhador". Segundo um familiar, no início, "quando o pai assumiu o relacionamento, houve divergências", mas na altura do crime parecia que os três se davam bem. Ainda assim, quem privou mais de perto com Paulo Ferraz diz que o suspeito revelava algumas perturbações desde a morte da mãe, que faleceu de cancro há aproximadamente 15 anos.
FIGURA DO PSD INCAPAZ DE SE DEFENDER
O pai do arguido, Fernando Ferraz, era natural da freguesia de Tondela e uma figura destacada na estrutura local do PSD. Era secretário da Mesa da Assembleia Municipal de Tondela e substituía o presidente nos actos públicos do município. Foi recentemente homenageado pela Câmara Municipal de Tondela. Fernando Ferraz ainda tentou pedir socorro para se livrar da violência do filho, mas não conseguiu. Ainda lhe deitou a mão à arma, mas não teve capacidade para isso por não ter antebraço direito – usava uma prótese apropriada – o que "o tornava particularmente indefeso", lê--se na acusação.
Fonte: CORREIO DA MANHÃ (Portugal)
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