O clérigo xiita e líder da milícia iraquiana Exército de Mehdi, Moqtada Al Sadr, disse à BBC que seus homens estão prontos para retomar as armas se as Forças Armadas americanas não cumprirem o acordo de sair completamente do Iraque até o fim do ano.
"Sei que o governo iraquiano sofre muita pressão dos ocupantes americanos para permitir sua permanência no Iraque", disse ele em uma rara entrevista, concedida ao serviço árabe da BBC.
"Se os americanos não saírem, iremos reativar o Exército de Mehdi. No momento, suas atividades estão congeladas, mas se os americanos ficarem, isso muda", disse.
O Exército de Mehdi foi um dos principais grupos armados xiitas no Iraque nos primeiros anos após a invasão liderada pelos EUA, em 2003.
A organização combateu forças estrangeiras e se envolveu em violentas disputas sectárias com milícias e grupos de muçulmanos sunitas, incluindo a Al-Qaeda, até congelar suas atividades em 2008.
"Ainda somos a resistência e ainda podemos atacar suas bases, tropas e equipamentos, se eles permanecerem no Iraque", completou.
Os Estados Unidos, que ainda têm cerca de 46 mil soldados no país, vêm pressionando o Iraque para que decida rapidamente se vai requisitar a presença de forças americanas após o prazo acertado para a sua retirada, em janeiro de 2012.
A permanência militar americana só seria permitida após um pedido formal do governo iraquiano.
Desfile
Nesta quinta-feira, dezenas de milhares de simpatizantes de Sadr desfilaram, desarmados, na capital iraquiana, Bagdá, pedindo a saída militar americana.
O desfile foi realizado no bairro pobre de Cidade Sadr, batizado assim devido ao pai de Moqtada, o aiatolá Mohammad Mohammad Sadeq al-Sadr. A localidade abriga cerca de 3 milhões de muçulmanos xiitas.
Os simpatizantes, marchando sobre as bandeiras de EUA, Israel e Grã-Bretanha, mostraram seu novo uniforme, que usa as cores nacionais iraquianas e leva a inscrição “Deus é Grande”, em árabe.
Sadr mora há anos no vizinho Irã após deixar o Iraque voluntariamente em 2007, devido a uma ordem de prisão emitida contra ele, pela captura, tortura e morte de milhares de muçulmanos sunitas.
Na cidade iraniana de Qom, ele teria se devotado aos estudos religiosos com o objetivo de tornar-se um aiatolá no futuro.
Sua influência no Iraque permanece grande e seu movimento recebeu oito postos ministeriais no ano passado, após Sadr anunciar seu apoio à reeleição do primeiro-ministro Nouri Maliki.
Ele voltou brevemente ao Iraque em janeiro deste ano, atraindo milhares de seguidores para a cidade de Najaf.
fFonte: BBC
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