da colaboradora Lukretia Maria de Parma Borggia
Crente é, por definição, aquele que possui a Verdade. A Verdade que supostamente é divina, segundo dizem, escrevem, os autores humanos, incapazes, portanto, de adotar um critério único para o conceito.
O texto bíblico diz: todo homem é mentiroso, mas Deus é verdadeiro. Então nada mais lógico, como supostamente está escrito, dito por Jesus, “Eu sou a Verdade”.
Que a verdade não é algo que alguém sabe, ou diz, não é um critério de veridicção. A Verdade é o ato. O ser. Então, pelo critério do próprio Jesus, Ele é a Verdade, logo, quem crê nele deve necessariamente ser igual a ele. Fazer o que ele fez.
Jesus transportava montes para o meio dos mares. Crentes não fazem.
Jesus ressuscitava morto. Crentes não ressuscitam.
Jesus amava os inimigos. Crentes não amam.
Jesus era humilde. Crentes são orgulhosos.
Jesus podia atravessar paredes. Crentes não atravessam nem a parede da própria burrice.
Jesus era culto, citava máximas da sabedoria oriental, da lógica, da dialética, da filosofia platônica. Crentes são burros, analfabetos, são leitores de um só livro.
Jesus interpretava a realidade. Crentes fogem da realidade.
Jesus falava de um reino onde os súditos eram iguais. Crentes falam de igrejas, de sociedades bastante desiguais.
Jesus aboliu hierarquias. Crentes obedecem autoridades e poderes instituídos arbitrariamente.
Jesus andava com pecadores. Crentes se chamam uns aos outros de santos e só andam com os salvos.
Jesus comia e bebia com as prostitutas. Crentes evitam-nas e condenam-nas.
Jesus atraía as pessoas. Crentes querem convencer as pessoas e afastam-nas.
Jesus considerava felizes os pobres. Crentes exaltam e julgam felizes os ricos.
Jesus apontava como exemplo de fidelidade os profetas e todos os perseguidos pela Justiça. Crentes apontam como exemplo jogadores de futebol, cantores gospel e prostitutas de rebolado, desde que proclamem aceitar Jesus e dizerem que são crentes.
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