Frei coloca mais de 40 mil jovens negros na faculdade
Idealizador do sistema de cotas e criador de pré-vestibular comunitário é homenageado
POR CRISTINE GERK
Rio - Na época da ditadura, David Raimundo dos Santos, 58, decidiu que entrar para a Igreja seria a única forma de atender seu desejo de ajudar o povo carente sem ser pego pela repressão. Mineiro, ele foi para o Espírito Santo se tornar frei franciscano. Em 1983, uma pergunta mudou sua vida. Atuando em igreja na Baixada, ele indagou numa sala com 103 jovens: “Quem está na faculdade?”. Só dois levantaram o braço, e justificando que eram filhos de faxineira que trabalhava na instituição e os “obrigava” a estudar.
Frei David recebeu medalha em sede do pré-vestibular que criou para negros e carentes, o Educafro | Foto: Reginaldo Castro / Agência O Dia
Frei David resolveu então dedicar sua vida a colocar jovens carentes, sobretudo negros, na universidade. Sua luta foi semente de mudanças como a isenção da taxa de vestibular para alunos de baixa renda e o sistema de cotas raciais adotado por 184 instituições. Frei David se orgulha de também ter batalhado para que, hoje, para cada 10 vagas ocupadas em universidades particulares, uma seja para bolsistas do ProUni.
Por essas e outras lutas vitoriosas, o Frei David é o 29º a receber a medalha Orgulho do Rio, concedida por O DIA a pessoas que contribuem para uma sociedade melhor: “Fico muito honrado com o reconhecimento. A luta está só começando, mas sei que estou no caminho”, festejou o religioso.
Além de ter conquistado mudanças em leis graças a processos na Justiça e manifestações nas ruas, o frei atuou em outra frente. Criou o pré-vestibular comunitário Educafro e, desde 1992, muito antes das cotas (na Uerj, onde a política foi pioneira, em 2001), deu acesso a mais de 40 mil jovens a universidades.
No Rio, o Educafro tem 30 núcleos e 3 mil alunos estudando gratuitamente com ajuda de 550 voluntários. Para entrar no grupo, é preciso ir a reunião na sede do Educafro, no Centro, às quintas às 18h e aos sábados, às 16h. “Enfrentei muita resistência. De governantes, na Igreja, e até entre colegas. Mas em 5 anos colocamos mais negros nas universidades do que nos 500 anos anteriores”, celebra.
Mais de 400 missas afro celebradas
Frei David também usa a Igreja Católica para lutar pela inclusão. Em 1984, criou a Pastoral do Negro e celebrou em 1987 a primeira missa afro do Brasil. Por essa iniciativa, foi expulso da Arquidiocese do Rio, mas foi reaceito ano passado. Hoje ele já celebrou 400 missas desse tipo no País, com atabaques, cores e canto negro dentro da igreja.
“Meu projeto agora é tornar a Educafro uma franquia social e fazer com que ela se espalhe por todo o País, e não só Rio de Janeiro e São Paulo”, comenta o frei.
Por essas e outras lutas vitoriosas, o Frei David é o 29º a receber a medalha Orgulho do Rio, concedida por O DIA a pessoas que contribuem para uma sociedade melhor: “Fico muito honrado com o reconhecimento. A luta está só começando, mas sei que estou no caminho”, festejou o religioso.
Além de ter conquistado mudanças em leis graças a processos na Justiça e manifestações nas ruas, o frei atuou em outra frente. Criou o pré-vestibular comunitário Educafro e, desde 1992, muito antes das cotas (na Uerj, onde a política foi pioneira, em 2001), deu acesso a mais de 40 mil jovens a universidades.
No Rio, o Educafro tem 30 núcleos e 3 mil alunos estudando gratuitamente com ajuda de 550 voluntários. Para entrar no grupo, é preciso ir a reunião na sede do Educafro, no Centro, às quintas às 18h e aos sábados, às 16h. “Enfrentei muita resistência. De governantes, na Igreja, e até entre colegas. Mas em 5 anos colocamos mais negros nas universidades do que nos 500 anos anteriores”, celebra.
Mais de 400 missas afro celebradas
Frei David também usa a Igreja Católica para lutar pela inclusão. Em 1984, criou a Pastoral do Negro e celebrou em 1987 a primeira missa afro do Brasil. Por essa iniciativa, foi expulso da Arquidiocese do Rio, mas foi reaceito ano passado. Hoje ele já celebrou 400 missas desse tipo no País, com atabaques, cores e canto negro dentro da igreja.
“Meu projeto agora é tornar a Educafro uma franquia social e fazer com que ela se espalhe por todo o País, e não só Rio de Janeiro e São Paulo”, comenta o frei.
Fonte: O DIA
2 comentários:
Me engana que eu gosto. Poderia ter feito tudo sem se abrigar numa batina, símbolo de uma praga que nasceu na Palestina por falta de hospícios na época. Se confessa que se tornou frei pra conseguir outras coisas e não pela fé, já é lixo, prova cinismo e hipocrisia, oportunismo. Se confessa que foi pra batina pra se 'salvar' de repressão é lixo e covarde.
Traficantes de drogas também fazem um 'social' bem feito para os 'frascos e comprimidos'.
Exemplo louvável? fico com o louva-a-deus que não está a serviço de ninguém, nem sofre de esquizofrenias ideológicas e religiosas.
Só pelo comentário da Lia, vejo que valeu a provocação.
Ninguém mais vai descer o cacete no cínico?
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