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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Número de envolvidos em desvio de recursos do TRT pode passar de 20



Juliana Braga, para CORREIO BRAZILIENSE 
 
A Operação Perfídia da Polícia Federal prendeu na manhã de ontem a servidora do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) Márcia de Fátima Pereira e Silva Vieira, acusada de desviar pelo menos R$ 5,5 milhões de depósitos judiciais. Também foram presos a mãe, o marido e um irmão da funcionária. A Polícia Federal ainda investiga a participação de outras 13 pessoas no esquema. Dois carros de luxo, três caminhões, eletrodomésticos e joias também foram apreendidos.

O inquérito da PF foi instalado em 9 de dezembro, depois que o Correio revelou o golpe. Márcia foi presa pela manhã com o marido na mansão em que morava no Park Way enquanto dormia. O imóvel está avaliado em R$ 2,7 milhões. A mãe e o irmão da servidora foram presos na fazenda que a família possui na Cidade Ocidental. Segundo a PF, Márcia confessou a culpa e disse ser a comandante do esquema. Ela e os demais presos podem responder por formação de quadrilha, peculato, lavagem de dinheiro e inserção de dados falsos em sistemas de informática. Somadas, as penas podem chegar a 20 anos de prisão.

Márcia Vieira, a servidora do Tribunal Regional do Trabalho, chega à Superintendência da Polícia Federal: presa pela manhã, no Park Way  (Ed Alves/Esp. CB/D.A Press)
Márcia Vieira, a servidora do Tribunal Regional do Trabalho, chega à Superintendência da Polícia Federal: presa pela manhã, no Park Way


A servidora é acusada de comandar um esquema de desvio de depósitos judiciais que beneficiou a ela, familiares e amigos. Só em 2011, o valor roubado é de R$ 5,5 milhões, mas a Polícia Federal acredita que seja muito maior, porque ela possuía autorização para movimentar os depósitos desde 2006. Com ordens judiciais falsas, Márcia ordenava que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal depositassem os valores em contas que ela indicava. Para evitar suspeitas, a quadrilha mantinha uma quantia separada para pagar indenizações de beneficiários que percebiam irregularidades na movimentação.

O marido da funcionária, também preso, se apresentava como advogado em alguns documentos. Só para ele foram destinados R$ 3 milhões, e em seu nome foram encontrados 10 carros. Ele também investiu parte do dinheiro roubado na criação de uma empresa de terraplanagem.

Para Fernanda de Oliveira, a delegada responsável pela investigação, o valor dos bens apreendidos e bloqueados é superior ao que uma servidora como Márcia poderia receber. “O que ela possuía estava muito acima do padrão de uma servidora pública”, descreve Fernanda. São carros importados, joias e relógios de luxo. Também estavam com os presos 16 celulares, seis televisões — uma delas de 70 polegadas —, um monitor de computador e eletrodomésticos ainda na caixa. Foram encontrados ainda comprovantes de pagamentos de prestações de imóveis: uma de R$ 200 mil, outra de R$ 300 mil.

Ressarcimento
Segundo a delegada, estão descartadas por enquanto a participação ou a anuência de outros funcionários do TRT. “No primeiro momento, avaliamos que ela agiu de forma isolada. Não identificamos nada que possa envolver outras pessoas do TRT”, esclarece. Os bens apreendidos, caso Márcia seja condenada, serão enviados para o tribunal para que ele decida a melhor forma de ressarcir as vítimas. “O que foi localizado no nome da quadrilha deve ser suficiente para ressarcir os prejudicados”, informou o delegado executivo da Polícia Federal Rodrigo Carneiro. Outras 13 pessoas, entre familiares e amigos de Márcia, estão sendo investigadas, mas, segundo Fernanda, o número de envolvidos pode passar de 20.

Os quatro envolvidos foram presos temporariamente por cinco dias, prorrogáveis por mais cinco para evitar que obstruíssem as investigações. A polícia adiantou as diligências para conseguir os mandados antes do período de recesso judiciário, que começou ontem. Caso julgue necessário, a PF ainda pode pedir a prisão preventiva, por 30 dias.

A Operação Perfídia contou com a participação do Ministério Público Federal e da Corregedoria do TRT 10ª Região. Foram executados, além dos mandados de prisão temporária e de busca e apreensão, cerca de 50 mandados de bloqueio e sequestro de bens, inclusive de supostos laranjas.

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