Pela primeira vez, o governo norte-americano, por meio
do Departamento de Estado, coloca o pequeno Estado do Vaticano na lista
dos 67 países potencialmente suscetíveis à lavagem de dinheiro
proveniente do tráfico internacional de drogas.
O elenco, na categoria de “ Estados preocupantes”, acaba de ser
publicado no relatório anual da International Narcotics Control
Strategy, que será encaminhado ao Congresso dos EUA na próxima semana.
O Vaticano, como “Estado preocupante”, figura ao lado, por exemplo,
da Albânia, República Tcheca, Egito, Coreia do Sul, Malásia e Iêmen.
O relatório contempla, também, os chamados “Estados de alto risco” e
o Brasil nele figura. Está ao lado do Afeganistão, Austrália, China,
EUA, Ilhas Cayman, Japão, Rússia, Uruguai, Reino Unido e Zimbábue.
Desde 1988, por ocasião da vienense Conferência das Nações Unidas
contra o tráfico ilícito de drogas, os temas lavagem de dinheiro do
narcotráfico e sua reciclagem em atividades formalmente lícitas
preocupam a comunidade internacional. Naquela ocasião ficou constatado
que a criminalidade organizada transnacional usava os sistemas bancário e
financeiro internacional para a lavagem de capitais obtidos com o
tráfico de drogas proibidas. Em dezembro de 2010, o então czar
antidrogas da ONU, o italiano Antonio Maria Costa, alertou que o sistema
bancário de compensações não quebrou, diante dos efeitos da crise
financeira de 2008, devido ao fluxo de capitais provenientes do
narcotráfico.
O papa Ratzinger, além da preocupação com os clérigos carreiristas
que querem o seu trono, tenta conseguir o milagre de impedir lavagem de
dinheiro no chamado Banco do Vaticano (IOR). Bento XVI, na abertura da
Quaresma e falando surpreendentemente na primeira pessoa, advertiu os
soberbos que querem antecipar a sua sucessão, numa referência a
documentos internos vazados à imprensa com informações sobre seu
iminente assassinato.
Bento XVI quer que o Estado do Vaticano adote as regras
internacionais contra lavagem de capitais recomendadas pela ONU e
aplicadas pela União Europeia. Desde 30 de dezembro de 2010, o papa
criou o posto intitulado “Autoridade para Informações Financeiras”. Seu
objetivo é colocar o Estado do Vaticano em sintonia com as normas
internacionais de contraste à lavagem de dinheiro que financia o
terrorismo e potencializa o tráfico de drogas.
No Brasil, o órgão de inteligência financeira (Coaf) está alinhado
com as normas internacionais e integra o Gafi (Grupo de Ações
Financeiras), com sede em Paris que nasceu em face da supracitada
Convenção de 1988. O Gafi estabelece regras mínimas para evitar a
reciclagem.
Pano rápido. Os jornais noticiam que o ex-ministro
Palocci, defenestrado sob suspeita de titularidade de empresa com
patrimônio sem causa conhecida, está de volta ao cenário político.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, Palocci cuidará da
arrecadação de verbas para a campanha do candidato petista à prefeitura
de São Paulo. Com sete vidas, Palocci tem curriculum vitae para ser
recomendado e ocupar, com seu talento diplomático e cara de anjo, o IOR.
Esse órgão vaticano já contou com os préstimos de Roberto Calvi e
Michele Sindona, ambos assassinados misteriosamente e o último conhecido
como banqueiro de Deus e da Máfia.
Wálter Fanganiello Maierovitch, para PORTAL TERRA
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