Quando cheguei em Ratones, em 1987, deparei-me com uma
cena insólita: um cidadão, que não me lembro quem era, com um macaco prego
pendurado às próprias costas.
Ocorre que, ainda recentemente, em nosso Distrito,
matava-se aquela espécie de símios para comer.
Isto mesmo: alguns ratonenses
comiam macacos, ainda em 1987.
Era um velho hábito, de que nos dá notícia o
velho AMADEU FRANCISCO FREZIER, que por aqui andou por volta de 1712, nos
seguintes termos: (...) a caça ordinária dos habitantes é o macaco,
de que ordinariamente se alimentam (...).
A necessidade faz coisas! Com efeito, os açorianos que para aqui foram
trazidos, que eram pescadores, não tinham o hábito (nem muita disposição, é bom
lembrar) para a agricultura. Alguns optaram pela volta à pesca, na costa
próxima. Outros chegaram a passar muita fome e adotaram velhos costumes
indígenas, entre os quais os de comer até mesmo macacos, que eram apenas
assados e ingeridos, sem que, antes, sequer se lhes removesse as vísceras.
Os macacos da espécie prego eram domesticados e induzidos a
servir como sentinelas, mormente pelo cidadão conhecido como Nitinho.
Manter macaco prego em casa, não raro, representava
constrangimentos, posto que o bicho tem um hábito que cria embaraços, qual seja,
o de masturbar-se na frente das pessoas.
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