1 - ENEDINO
BATISTA RIBEIRO - Gavião
de Penacho/Memórias de um serrano - IHGSC e ALESC/Florianópolis-SC/1999, vol. I,
p. 194, refere-se a algumas curiosas característica deste animal: (...)
pastoreava o rebanho de ovelhas, para impedir que os graxains e os caranchos comessem as crias recém-nascidas. No
combate à primeira dessas pragas, pedi a meu pai que mandasse construir uma arataca de caixão, que eu
armava todos os dias, sobre a noite, três ou quatro quilômetros da casa. A isca
por mim empregada era pele de porco sapecada na labareda de fogo. No dia
seguinte, quase sempre, lá estava preso um graxaim, que eu retirava da arataca,
virando a boca do mundéu para cima e
laçando-o pelo pescoço com uma corda de barbante grosso. Era um
divertimento gostoso que fazíamos com as manas mais moças do que eu e moleques
da fazenda. Só nos invernos de 1911 e 1912, matei para mais de oitenta graxains
e uma meia dúzia de gambás. O graxaim ( variação de guaraxaim) é um animal
inteligente e muito esperto: uma vez laçado, bate-se e pula muito; depois de
certo cansaço, deita-se de todo o
comprimento e fica ali quieto, mal respira “faz-se de morto” como se diz
no linguajar das fazendas. Se a gente
“vai na conversa”, tirando-lhe a corda do pescoço, o malandro levanta-se
de pronto e sai como um raio, correndo o que dão as pernas, e o caçador fica
“cheirando na tampa”, como se costuma dizer. O guaraxaim é um mamífero da família dos canídeos, que
passa o dia pelas tocas, fojos e solapas. Sai à noite e às vezes de dia, se tem
muita fome, à procura de alimento. Nos dias chuvosos, de luminosidade escassa,
à boquinha da noite, a gente ouve gritos: guô-a guô-a . Não sei por que o grito
desse animal causa, a quem o escuta, um certo mal estar. Há gente que até se
recolhe para dentro de casa, persignando-se. Deve ser o forte sentimento de superstição que impera entre os
sitiantes do Brasil. É guloso, perseguidor de cordeirinhos e até mesmo de bezerros recém-nascidos.
Sem-vergonha como só ele, visita a casa do homem e vai aos galinheiros, onde,
se não houver segurança, penetra, mata e carrega para o mato as “penosas”. Como
resultante dessas “virtudes” o graxaim é muito caçado, daí a razão porque está
desaparecendo do nosso interior. (...)
- (...) Guaraxaim
disfarçado,/Quando se sente pegado/Deita e se finge de morto (...) - AMARO JUVENAL (pseudônimo de RAMIRO
BARCELLOS), em Antônio Chimango – Artes e ofícios
Editora/P. Alegre-RS/2000, pág. 23. É o mesmo zorro, que o espanhol pronuncia sorro,
conforme obra citada, nota de rodapé
de nº 45. Outra espécie em franco
processo de extinção na Ilha de SC. A exemplo do GAMBÁ, ataca os galinheiros,
pois é carnívoro. Muito semelhante ao cachorro, dotado de pelagem farta e cauda
bem fornida. É também conhecido como RAPOSA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário