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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sobre a denominação de Ratones


Apesar do respeito à tese de que Ratones seria termo aplicado pelos espanhóis,  tendo por base a semelhança das Ilhas a grandes ratos, inclino-me pela hipótese de que o nome tenha derivado da circunstância de que as margens e o vale do Rio Ratones, assim como as ilhas,   fossem habitados por grande quantidade de cotias  (ou cutias, como preferem outros), cujo aspecto é o de um grande rato e, quando os navegadores, no afã de cortar madeira para lenha e para o reparo de suas embarcações, bem como para prover-se de cítricos (laranja, bergamota e limão) e de água, deram pela presença de tais animais, passaram a se referir ao lugar por Ratones (ratos, em espanhol). A cotia é um mamífero roedor da família dos dasiproctídeos, gênero Dasyprocta III, com sete espécies em território brasileiro. (AURÉLIO). O animal é descrito na obra de JOSÉ ROBERTO TORERO e MARCUS AURELIUS PIMENTA intitulada  Terra Papagali, como (...)  semelhante ao lebrão, mas com a cabeça como a da ratazana. Vejamos o que acontecia na Ilha, por volta de 1526, quando aqui chegou a expedição de Sebastião Caboto: (...) Bom gentio (...) - os carijós – têm mantimentos e frutas, galinhas, e muita caça de veados, porcos, pacas,  cotias  (...) (Citação de um trecho em português arcaico, por nós atualizado, feita pelo historiador catarinense AUJOR ÁVILA DA LUZ, na obra organizada por CARLOS HUMBERTO CORREA, intitulada  Santa Catarina, quatro séculos de História, XVI ao XIX  - Editora Insular/Fpolis-SC/2000, p. 23). Um relato do alemão OTO VON KOTZEBUE (citado pelo historiador AUJOR ÁVILA DA LUZ – obra acima, p. 118) volta a se referir à abundância do animal na Ilha:  No reino animal, chamaram atenção os papagaios, os tucanos, os macucos, os beija-flores, as revoadas de urubus, as tartarugas, os macacos, as cotias e os tatus (...).  A cutia é citada, várias vezes, por RENATO IGNÁCIO DA SILVA -  Amazônia/Paraíso e Inferno -  Biblioteca do Exército Editora e Quatro Artes Editora/ 1970. Numa delas, informa o escritor que o animal  (...) é um extraordinário espalhador de sementes, a castanha é por ela alastrada, numa grande área da Amazônia.  E completa:  Quando a cutia se entoca, o melhor meio de fazê-la sair do esconderijo é levar uma palha acesa até o ponto onde ela se acha. Possui carne tenra e muito apreciada  (pág. 161). BARTOLOMÉ DE LAS CASAS -  Historia de Las Indias -  Fondo de Cultura Economica/México/1995, vol. II, p. 512, falando sobre as hutías (equivalente espanhol de cutia) encontradas na América, ao tempo de Cristóvão Colombo, escreveu:  (...) en esta isla las hutías, que era uma especie de caza; la hechura era, y em especial la cola, como de ratones (...)

- LUCAS ALEXANDRE BOITEUX (Capitão de Mar e Guerra), em Santa Catarina no século XVI (edição da Imprensa Oficial/Fpolis-SC/1951), após referir-se à visita de ALVAR NUÑES CABEZA DE VACA, em 1541, informa: (...) Desde esse tempo aparece também a denominação Ratones, dada às pequenas ilhas da baía do norte que, de certa distância, apresentam o aspecto de dois roedores. (...) (p. 50). O mesmo historiador, na obra denominada Pequena História Catharinense (Oficinas a Eletricidade da Imp. Oficial/Florianópolis- SC/1920, p. 74, n° 150 - fortificações), informa: (...) Pela resolução de 05 de agosto de 1738 o governo da metrópole determinou que o Sargento-mór de batalha (brigadeiro) José da Silva Paes passasse à citada ilha e nella levantasse fortificação capaz à sua defesa.(...) Em seguida (1740) iniciou o forte São José, na Ponta Grossa e o de Santo Antonio, na ilha Raton Grande na baía norte (...).

Documentos que seguem reproduzidos, nos dão conta de que Ratones já se chamou Rattones, Várzea de Ratones e Vargem de Ratones.

- O hábito de os portugueses darem nomes aos acidentes geográficos segundo a fartura de uma certa espécie no local, pode ser vislumbrado no trecho que segue:  (...)A terra he mui fermosa, muitos ribeiros d’água e muitas ervas e frores, como as de Portugal. Achamos duas onças mui grandes, e nos tornamos para as naos sem vermos gente. (...) Estas ilhas – a que puz nome – das Onças -, tomei o sol nellas em 34 graos e meo (...)  (português da época).

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