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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

João Pimenta se inspira na roupa dos padres e no look militar


Desfile é um dos mais esperados da temporada do outono/inverno 2011.

Moda masculina bem cortada e polêmica é a especialidade do estilista.

Heloisa Marra Do G1, em São Paulo


Talento da Casa dos Criadores, João Pimenta estreou na São Paulo Fashion Week em junho do ano passado e surpreendeu com um D. Pedro surfista numa coleção que combinava a família real brasileira de 1800 com o surfe contemporâneo. Dessa vez, misturando roupas de padre e look militar, seu desfile é um dos mais esperados da temporada do outono/inverno 2011 na Bienal. Moda masculina bem cortada e polêmica é a especialidade de João, que agora quer lançar a linha A para os homens inspirando-se na liturgia da igreja. Para completar, lança um vídeo com os rapazes de saia lembrando batina nas escadarias da Catedral da Sé.
João ParenteJoão Parente desfila linha A com rapazes com moda masculina polêmica (Foto: Rogério Ortiz/Divulgação)
 
Pela primeira vez que os homens vão usar a silhueta trapézio
Iconoclastia? Não, “com todo o respeito, é uma forma de destacar esse tipo de roupa clerical”, diz João Pimenta. “Sem contar que os padres são os homens que podem usar vestido e ninguém reclama. Quis trabalhar o evasê, a silhueta trapézio pois não tinha visto ainda essa forma na moda masculina. Encontrei na liturgia uma forma de justificar essa escolha. Tem também uma pitada de militar para deixar a imagem mais masculina”, contou João, que bordou trigos inspirados nos elementos presentes na igreja.
Mineiro de São Sebastião do Paraíso, norte de Minas Gerais, ele garante que continua no paraíso. “Não saí da roça. Tenho um sítio a uma hora de Ibiuna com cavalos, uma vaquinha, um boizinho e muitos cachorros”, garante o estilista, que foi morar em Ribeirão Preto aos 4 anos. Aos 10, graças a um projeto da Polícia Militar, foi parar como aprendiz nas Casas Pernambucanas. “De lá para cá só penso nisso”, diz João, que tem 9 irmãos, 32 sobrinhos e custou mas aprendeu a se orgulhar das congadas capitaneadas pelo pai João Pimenta Fernandes.

“Meu pai era capitão de congado, tradição folclórica que deu origem ao samba, marginalizada na minha infância e que custei a aceitar. Na congada todas as fantasias são possíveis: você pega uma toalha de mesa põe nas costas e vira rei e o escorredor de macarrão se transforma em coroa”, lembra João, que desfilou 10 coleções na Casa dos Criadores. “Na do inverno 2008 criei bandeiras de congada, bordei com tampa de garrafa e entrei na passarela com banda de congada ao vivo cantando. Acabei assim com as travas do meu passado e aprendi que podia transformar o pauperismo da minha família em conceito”.

Primeiro desfile: rapazes de cintura marcada e quadris grandes

João Pimenta trabalha o contraponto do feminino com o masculino, do pobre com o rico. Seu objetivo é “realçar a anatomia masculina com a ajuda dos truques de modelagem da roupa feminina. A revolução industrial achatou a roupa masculina. Adorei visitar o Museu do traje em Madri, onde vi roupas de uma época em que havia lugar para os ombros, os joelhos, os cotovelos”, afirma o estilista, que em seu primeiro desfile para a Casa dos Criadores, fez sucesso desfilando rapazes de cintura marcada e quadris pronunciados.
João ParenteParente apresenta coleção minimalista e alongada (Foto: Rogério Ortiz/Divulgação)
 
Desfile desta quarta-feira (2): minimalismo em paletós e saias que lembram batinas
A coleção de hoje, entretanto, vem minimalista e alongada em paletós-batinas com fendas frontais “para facilitar a vida dos meninos”. “As botas tem o bico para cima meio fálicas”, explica o estilista, para quem não existe público alvo. “Não acredito que a marca tenha que buscar um público alvo. Acho que as pessoas que se identificam com seu trabalho vêm naturalmente a você. As roupas são feitas para divertir. Tenho cliente velho e moço, evangélico e maluco beleza. As roupas que mostro na passarela não são as mesmas da loja. O desfile é um momento de show e passarela não é para entregar uma roupa mastigada mas para criar discussão.”
João acredita que o homem brasileiro está aberto a propostas. “Faltam estilistas buscando coisas novas e a indústria também não colabora”, afirma o estilista, que trabalha num ateliê na Rua Mourato Coelho 676 todo grafitado por artistas como John Howard (americano radicado no Brasil hoje com 72 anos e precursor do grafite), pelos desenhos de Pato e pelas carrancas feitas em spray por Ninguém Dorme, artista street cult do momento. Há seis anos ele cultiva uma parceria com os artistas, transpondo as pinturas e os desenhos para estampas nas camisetas.

Fonte: http://g1.globo.com

Um comentário:

Febo Vitoriano disse...

Para quem gosta de saia/ kilt

www.stamoskilts.blogspot.com