Desfile é um dos mais esperados da temporada do outono/inverno 2011.
Moda masculina bem cortada e polêmica é a especialidade do estilista.
Talento da Casa dos Criadores, João Pimenta estreou na São Paulo
Fashion Week em junho do ano passado e surpreendeu com um D. Pedro
surfista numa coleção que combinava a família real brasileira de 1800
com o surfe contemporâneo. Dessa vez, misturando roupas de padre e look
militar, seu desfile é um dos mais esperados da temporada do
outono/inverno 2011 na Bienal. Moda masculina bem cortada e polêmica é a
especialidade de João, que agora quer lançar a linha A para os homens
inspirando-se na liturgia da igreja. Para completar, lança um vídeo com
os rapazes de saia lembrando batina nas escadarias da Catedral da Sé.
João Parente desfila linha A com rapazes com moda masculina polêmica (Foto: Rogério Ortiz/Divulgação)
Pela primeira vez que os homens vão usar a silhueta trapézio
Iconoclastia? Não, “com todo o respeito, é uma forma de destacar esse
tipo de roupa clerical”, diz João Pimenta. “Sem contar que os padres são
os homens que podem usar vestido e ninguém reclama. Quis trabalhar o
evasê, a silhueta trapézio pois não tinha visto ainda essa forma na moda
masculina. Encontrei na liturgia uma forma de justificar essa escolha.
Tem também uma pitada de militar para deixar a imagem mais masculina”,
contou João, que bordou trigos inspirados nos elementos presentes na
igreja.
Mineiro de São Sebastião do Paraíso, norte de Minas Gerais, ele garante
que continua no paraíso. “Não saí da roça. Tenho um sítio a uma hora de
Ibiuna com cavalos, uma vaquinha, um boizinho e muitos cachorros”,
garante o estilista, que foi morar em Ribeirão Preto aos 4 anos. Aos 10,
graças a um projeto da Polícia Militar, foi parar como aprendiz nas
Casas Pernambucanas. “De lá para cá só penso nisso”, diz João, que tem 9
irmãos, 32 sobrinhos e custou mas aprendeu a se orgulhar das congadas
capitaneadas pelo pai João Pimenta Fernandes.
“Meu pai era capitão de congado, tradição folclórica que deu origem ao
samba, marginalizada na minha infância e que custei a aceitar. Na
congada todas as fantasias são possíveis: você pega uma toalha de mesa
põe nas costas e vira rei e o escorredor de macarrão se transforma em
coroa”, lembra João, que desfilou 10 coleções na Casa dos Criadores. “Na
do inverno 2008 criei bandeiras de congada, bordei com tampa de garrafa
e entrei na passarela com banda de congada ao vivo cantando. Acabei
assim com as travas do meu passado e aprendi que podia transformar o
pauperismo da minha família em conceito”.
Primeiro desfile: rapazes de cintura marcada e quadris grandes
João Pimenta trabalha o contraponto do feminino com o masculino, do
pobre com o rico. Seu objetivo é “realçar a anatomia masculina com a
ajuda dos truques de modelagem da roupa feminina. A revolução industrial
achatou a roupa masculina. Adorei visitar o Museu do traje em Madri,
onde vi roupas de uma época em que havia lugar para os ombros, os
joelhos, os cotovelos”, afirma o estilista, que em seu primeiro desfile
para a Casa dos Criadores, fez sucesso desfilando rapazes de cintura
marcada e quadris pronunciados.
Parente apresenta coleção minimalista e alongada (Foto: Rogério Ortiz/Divulgação)
Desfile desta quarta-feira (2): minimalismo em paletós e saias que lembram batinas
A coleção de hoje, entretanto, vem minimalista e alongada em
paletós-batinas com fendas frontais “para facilitar a vida dos meninos”.
“As botas tem o bico para cima meio fálicas”, explica o estilista, para
quem não existe público alvo. “Não acredito que a marca tenha que
buscar um público alvo. Acho que as pessoas que se identificam com seu
trabalho vêm naturalmente a você. As roupas são feitas para divertir.
Tenho cliente velho e moço, evangélico e maluco beleza. As roupas que
mostro na passarela não são as mesmas da loja. O desfile é um momento de
show e passarela não é para entregar uma roupa mastigada mas para criar
discussão.”
João acredita que o homem brasileiro está aberto a propostas. “Faltam
estilistas buscando coisas novas e a indústria também não colabora”,
afirma o estilista, que trabalha num ateliê na Rua Mourato Coelho 676
todo grafitado por artistas como John Howard (americano radicado no
Brasil hoje com 72 anos e precursor do grafite), pelos desenhos de Pato e
pelas carrancas feitas em spray por Ninguém Dorme, artista street cult
do momento. Há seis anos ele cultiva uma parceria com os artistas,
transpondo as pinturas e os desenhos para estampas nas camisetas.
Fonte: http://g1.globo.com
Um comentário:
Para quem gosta de saia/ kilt
www.stamoskilts.blogspot.com
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