Rodrigo Vianna, com CARTACAPITAL
Desde o começo da manhã, aqui em Brasília, chegavam relatos de empresários brasileiros irritados pelo fato de passarem por revista conduzida por funcionários dos EUA. Isso ocorreu no Centro de Convenções Brasil 21 – onde ocorria a cúpula de negócios Brasil/EUA, com a presença de mais de 300 executivos dos dois países.
À tarde, Obama foi ao local, para fazer um rápido discurso. Ministros brasileiros também se deslocaram pra lá. E teriam que se submeter ao mesmo esquema de revista. Indignados, vários ministros brasileiros deram meia volta e foram embora. Confirmamos agora há pouco, com assessor de um deles, que os seguintes ministros recusaram-se a participar do encontro diante da insistência dos agentes dos EUA: Mantega, Pimentel, Mercadante e Tombini (do BC).
Os ministros, imagino, preferiram protestar em silêncio, para evitar confusão. Coube ao empresário Paulo Skaf dar a informação aos jornalistas: ele considerou absurdo que o governo tenha aceito que toda a segurança ficasse a cargo dos EUA.
Por que o Itamaraty aceitou um esquema desses?
Outra pergunta: todos os ministros deram meia volta e foram embora? Ou alguns aceitaram “tirar os sapatos” pros gringos – como fez Celso Lafer durante o governo FHC? Sabemos de vários ministros convidados para o encontro, além dos 4 citados acima. Com a confusão e a dificuldade de acesso, até agora não foi possível confirmar se algum ministro brasileiro aceitou “tirar os sapatos”.
Vários jornalistas brasileiros também passaram por fortes constrangimentos. Uma equipe de televisão conta que saiu do prédio para entrevistar um empresário. Ao voltar, foi barrada definitivamente – sem explicação. O tratamento para a imprensa dos EUA era diferenciado.
Agora há pouco, a “Folha.com” também noticiou o fato, acrescentando um nome aos que se recusaram a entrar: Edison Lobão.
Rodrigo Vianna
Rodrigo Vianna é historiador formado pela FFLCH (USP) e é jornalista há 20 anos. Já trabalhou na “Folha de S. Paulo”, na “TV Cultura”, na “TV Globo”, e hoje está na “TV Record” de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário