Atualizado em 24 de maio, 2012 - 13:50 (Brasília) 16:50 GMT
Pesquisadores americanos
descobriram como as grandes baleias coordenam os músculos e ossos da
mandíbula para abocanhar quantidades enormes de alimento.
Os cientistas do Instituto Smithsonian de
Washington descobriram um órgão presente na mandíbula da baleia que,
segundo eles, liga os músculos e ossos ao cérebro e possibilita que a
baleia abra a boca e engula grandes quantidades de pequenos animais em
pouco tempo.
Uma baleia azul, por exemplo,
consegue abocanhar de uma vez até 100 toneladas de água cheia de krill,
um micro crustáceo parecido com o camarão, em apenas dez segundos.
Escrevendo na revista especializada Nature,
o pesquisador que liderou o estudo, Nicholas Pyenson, explicou que as
baleias rorquais como a baleia azul, possuem "um dos métodos de
alimentação mais extraordinário entre os vertebrados aquáticos".
Pyenson afirmou ainda que o órgão encontrado na
mandíbula e que parece facilitar a alimentação da baleia parece com uma
estrutura gelatinosa. Esta pode ser a razão de os cientistas nunca terem
prestado muita atenção nele, pensando que a estrutura era apenas uma
junta preenchida com fluidos entre os dois ossos da mandíbula inferior.
Estrutura complexa
Ao dissecar mais detalhadamente baleias mortas,
os pesquisadores americanos encontraram uma estrutura muito mais
complexa do que esperavam.
Eles descobriram na parte da frente da ponta da
mandíbula inferior uma estrutura cheia de terminações nervosas. A equipe
afirma que são sensores que captam sinais da mandíbula quando ela
começa a se abrir.
Os nervos do órgão então enviam sinais para o cérebro, desencadeando o sistema de alimentação complexo da baleia.
O estudo foi feito em uma parceria entre os
cientistas do Instituto Smithsonian, de Washington, e a Universidade
British Columbia e só foi possível pelo fato de a equipe ter acesso a
baleias mortas na Islândia.
"Conseguimos trabalhar com amostras de tecidos
(de baleias) que tinham acabado de morrer. Foi uma oportunidade única de
examinar a anatomia destes animais detalhadamente e era isso que
sentíamos falta", disse Pyenson.
Os cientistas estudaram as baleias minke e fin, dissecando e usando exames médicos com imagens de alta resolução.
Dez segundos
Pyenson afirmou que a descoberta desta estrutura "respondeu a uma série de perguntas".
"Nos mostrou como eles fazem isso tão
rapidamente, coordenando a dilatação da bolsa da garganta com a abertura
da mandíbula... e o fechamento da boca para evitar que as presas
escapem - tudo em menos de dez segundos", disse.
Por exemplo, uma baleia rorqual, assim como a
baleia azul, sente que existe alimento suficiente em suspensão na água e
mergulha. Então, em algum momento durante este mergulho, a baleia abre a
boca, gira o corpo e acelera para empurrar o krill para dentro da boca.
Uma baleia azul tem ossos esquerdo e direito da
mandíbula separados, o que permite a expansão da boca já aberta para
aproximadamente três metros de largura. Pregas de pele e gordura abaixo
da boca se estendem até a barriga formando uma espécie de caverna que se
estica, permitindo a acomodação de um grande volume de água.
Placas de uma estrutura parecida com um pente,
que ficam na mandíbula superior da baleia, prendem cerca de 500 quilos
de pequenas criaturas marinhas, o que dá, aproximadamente, 500 mil
calorias engolidas em apenas uma abertura da boca.
Para Gareth Fraser, da Universidade de
Sheffield, na Grã-Bretanha, a descoberta revela uma adaptação única dos
mamíferos marinhos e mostra "o quanto ainda temos que descobrir, até
sobre os maiores moradores do oceano".
Fonte: BBC
Fonte: BBC
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