Bento XVI referiu-se nesta
quarta-feira, na Praça de São Pedro, aos escãndalos que têm atingido o
Vaticano (Andreas Solaro/AFP)
Bento XVI considerou “exagerada” e “gratuita” a cobertura que tem sido feira pelos órgãos de informação do escândalo de fuga de informações confidenciais e documentação, alegados casos de corrupção e conflitos internos que está a atingir o Vaticano.
O mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele, foi detido na semana passada, depois de ter sido encontrada em sua casa documentação confidencial da santa Sé. Gabriele era a primeira e a última pessoa que via o Papa todos os dias. Mas a imprensa italiana diz que o mordomo não agiu sozinho e terá sido usado por um grupo de pessoas no Vaticano que conspira para preparar já a sucessão de Bento XVII, eventualmente liderado por um cardeal.
Esta quarta-feira, o Papa referiu-se pela primeira vez ao escândalo que envolve o Vaticano e reiterou a “confiança” nos seus colaboradores. A imagem que tem sido dada do Vaticano “não corresponde à realidade”, afrimou Bento XVI, durante uma audiência na Praça de São Pedro.
“As hipóteses gratuitas multiplicam-se, amplificadas sobretudo por alguns órgãos de informação, e vão muito para além dos factos, dando uma imagem da Santa Sé que não corresponde à realidade”, disse Bento XVI. E adiantou: “Quero renovar a minha confiança e encorajar os meus colaboradores próximos que me ajudam diariamente, com fidelidade e espírito de sacrifício.”
Bento XVI disse ainda sentir “tristeza” devido às últimas notícias que envolvem o Vaticano. "O Papa rejeitou uma imagem distorcida, excessivamente negativa, e encorajou os seus colaboradores que se sentem injustamente postos em causa”, sublinhou o porta-voz da Santa Sé, Frederico Lombardi.
"A Santa Sé rejeita a ideia de que as fugas de informação constituam uma operação concertada”, frisou Lombardi. Ou que resultem de “lutas ou uma conspiração interna” no Vaticano.
Na terça-feira, o subsecretário de Estado do Vaticano, arcebispo Angelo Becciu, referiu-se às informações que têm vindo a público como “um ataque brutal” ao Papa, adiantou o Osservatore Romano. O escândalo, que tem sido chamado de “Vatileaks”, em referência à Wikileaks, começou em Janeiro, quando documentos confidenciais do Vaticano foram divulgados na imprensa italiana. Nessa altura, o jornalista Gianluigi Nuzzi divulgou cartas de um antigo administrador do Vaticano, monsenhor Carlo Maria Vigaro, actual embaixador nos Estados Unidos, a pedir para não ser transferido por ter exposto casos de alegada corrupção.
A detenção do mordomo Paolo Gabriele foi efectuada quase quatro meses após as fugas de informação, que se estenderam por quase todo o mês de Fevereiro. Há um mês, o Papa Bento XVI nomeou uma comissão de cardeais para averiguar de onde partiram essas informações.
Fonte: PUBLICO (Pt)
Nenhum comentário:
Postar um comentário