Resultado das eleições presidências podem ser negativos para comunidade cristã
por Jarbas Aragão
Cristãos temem vitória de islâmicos e implantação da sharia no Egito
Aproximadamente 51 milhões de eleitores egípcios
devem ir às urnas nos dois dias de votação, hoje e amanhã (24). No
Egito, 12 candidatos concorrem à Presidência da República. Mas o clima
no país é tenso e violento. Confrontos entre eleitores de candidatos
adversários e agentes do governo, na cidade do Cairo, capital do país.
A Constituição do Egito que foi suspensa após a queda do governo de
Hosni Mubarak previa a “tolerância religiosa”. Porém, tinha artigos que
reforçavam a divisão entre muçulmanos e cristãos. Os documentos de
identidade emitidos no país, por exemplo, identificam a religião do
portador. Segundo o costume legal, homens muçulmanos podem se casar com
mulheres cristãs, embora seja altamente improvável que uma mulher
islâmica consiga se unir a um cristão.
Em março, quando morreu o patriarca Shenouda, líder da Igreja Cristã
Ortodoxa Copta, muitos deputados islâmicos negaram-se a ficar de pé no
Parlamento em respeito ao líder. “O Parlamento que temos agora é
dominado por grupos islâmicos. Eles não têm a menor condição de lidar
com a questão da liberdade religiosa”, diz Yousef Sidhoum, editor do
Watani, principal jornal copta.
No momento, a Irmandade Muçulmana e os muçulmanos da facção salafista
controlam mais de 70% do Legislativo. “Quase todo o Parlamento está nas
mãos de grupos que querem impor a sharia (lei islâmica)… Se um radical
muçulmano chegar à presidência, não teremos mais lugar”, afirma uma
eleitora egípcia ouvida pela Associated Press.
Os cristãos coptas praticamente não têm espaço na alta burocracia do
Estado, reclama Sidhoum, e nenhum dos candidatos à presidência é
cristão. Além disso, quando um muçulmano se converte, acaba sendo
fortemente discriminado.
Ahmed Shafiq, o candidato que promete restituir a ordem no Egito e
combater o radicalismo islâmico, recebeu amplo apoio entre os coptas,
que são mais de 10% da população. Mas por ter trabalhado com Mubarak,
acaba sendo considerado um representante do antigo regime.
O início da revolta que resultou na saída de Mubarak foi
caracterizada pela união entre muçulmanos e cristãos na praça Tahrir.
Imagens de coptas fazendo cordões de isolamento para proteger islâmicos
durante suas orações se espalharam pelo mundo, mostrando que os fiéis
das duas religiões viviam em harmonia e lutavam por um objetivo em
comum, acampados no centro do Cairo.
Com a mudança do regime, templos cristãos voltaram a ser alvos
frequentes de pichações, incêndios e ataques. Em outubro, a Igreja
Católica de São Jorge, em Aswan, foi depredada e destruída por uma
multidão de radicais salafistas.
Traduzido e adaptado de Aina e AP
Fonte: GOSPEL PRIME
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