SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A SHIRAZ, PERSÉPOLIS, PASÁRGADA, YAZD
E ISFAHAN, NO IRÃ
ENVIADO ESPECIAL A SHIRAZ, PERSÉPOLIS, PASÁRGADA, YAZD
E ISFAHAN, NO IRÃ
No jardim de um hotel do século 19, um grupo de turistas conversa na
mesa de jantar. São aposentados americanos em sua primeira viagem à
República islâmica. Isso mesmo, americanos.
Não fazem questão de falar baixo para esconder a origem, nem os
iranianos ao redor parecem se importar com a presença de cidadãos cujo
país o regime abomina.
"A maioria das pessoas tem sido extremamente amigáveis. O Irã oferece
muitas atrações históricas e nos sentimos bastante seguros", disse um
dos americanos, que aceitou falar com a Folha desde que não fosse
identificado.
Ao conceder visto para cidadãos dos EUA, o governo iraniano mostra não querer contaminar o turismo com o veneno da política.
Com exceção de Israel, que o regime não reconhece, cidadãos do mundo
todo continuam visitando o Irã, atraídos ora pela exuberância histórica e
cultural da Pérsia antiga, ora pelo exotismo de um país de incontáveis
belezas.
Segundo dados oficiais, 3,2 milhões de estrangeiros visitaram o Irã em
2011, um salto de 1 milhão em relação a 2009. Mas agentes de viagem
iranianos garantem que as estatísticas não são confiáveis, e que o
número real é inferior -e não para de cair.
Em vez de hordas de turistas nórdicos ou japoneses, você achará no Irã
jovens mochileiros, casais aventureiros e alguns pequenos grupos de
viajantes mais velhos. Perfeito para apreciar cada atração sem
empurra-empurra.
Marina Mesquita/Folhapress | ||
Domo da mesquita Jameh, construida no seculo 15 em Yazd, uma das mais antigas do mundo |
O turismo religioso predomina. A cidade que lidera o ranking de estrangeiros é Meshed, no extremo oeste, onde está enterrado o santo xiita imã Reza.
O fluxo dos demais turistas se divide entre quatro pontos principais -Shiraz, terra do lendário poeta Hafez, que também abriga refinados jardins; Persépolis, tesouro arqueológico do império aquemênida; Yazd, epicentro da multimilenar fé zoroástrica; e Isfahan, joia da arquitetura e da engenharia islâmicas.
Circular de carro pelo vasto território iraniano permite contemplar paisagens excepcionais. As estradas são boas, mas os motoristas, para lá de imprudentes.
Também é possível usar a malha aérea, muito barata para os padrões brasileiros. As empresas aéreas locais aposentaram as velharias russas que faziam as rotas nacionais, mas a verdade é que os voos domésticos ainda estão abaixo do padrão internacional de segurança. Culpa das sanções, que impedem os iranianos de comprar aviões e peças de reposição.
Hotéis e serviços têm qualidade irregular. "A infraestrutura é correta, mas parece que parou no tempo 30 anos atrás", diz o americano.
Eventuais falhas de eficiência podem ser compensadas pela gentileza e atenção dos profissionais do turismo e dos iranianos em geral.
Todos os estrangeiros ouvidos pela reportagem concordam: a imagem externa do Irã é tão ruim que é quase impossível não se surpreender positivamente com os encantos do país.
Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress |
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