O vazamento de documentos do Vaticano, incluindo cartas de fiéis ao papa
Bento 16, não foi apenas uma questão de governança interna da Igreja
Católica, mas algo muito mais sério porque violou o sigilo divino.
A afirmação é do arcebispo Angelo Becciu, subsecretário de Estado do
Vaticano. "Considero a divulgação de cartas roubadas um ato imoral de
gravidade ímpar", disse ele ao jornal L'Osservatore Romano.
"Não apenas os papéis do papa foram roubados; as pessoas que o
procuraram, como vigário de Cristo, tiveram sua consciência violada."
Paolo Gabriele, mordomo do papa, foi preso no dia 23 de maio e é o
principal suspeito até agora. A polícia encontrou no departamento dele
documentos aos quais ele não deveria ter acesso.
Gabriele seria apenas um peão de uma rede de intrigas envolvendo o alto
escalão do Vaticano. Em Roma tem circulado nomes de bispos que estariam
envolvidos no escândalo. O Vaticano tem desautorizado a especulação
desses nomes, mas Bento 16 está bastante chocado, de acordo com Becciu.
Gabriele vai depor nos próximos dias e, segundo seu advogado, contará
tudo que sabe. Mas a situação é complicada porque o próprio papa
estaria preocupado com a divulgação do que o mordomo possa revelar.
As motivações do vazamento ainda são obscuras. Para alguns, objetivo foi
desacreditar o papa, que, aos 85 anos, demonstra cada vez mais cansaço.
Para outros, trata-se de uma reação de setores do alto escalão à
tentativa do papa de aumentar a transparência do Banco do Vaticano, para
atender a uma exigência de entidades internacionais. O Vaticano demitiu
Ettore Gotti Tedeschi da presidência do seu banco um dia depois de o
mordomo ser preso.
Com informação das agências.
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