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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Benvinda Tereza, de volta ao mundo dos racionais!


'Meu nome é Teresa, fui pastora da Igreja Metodista e agora sua ateia'


Ex-pastora e ateia Teresa MacBain
Teresa foi pastora
por mais de dez anos

No dia 26 de março, uma mulher de cabelos curtos e roupa escura subiu ao palco para dar um depoimento. Suas primeiras palavras foram: “Meu nome é Teresa. Sou pastora de uma igreja metodista, pelo menos era. Eu me tornei ateia”. Na plateia, centenas de pessoas vibraram por mais de um minuto [ver vídeo abaixo], comovendo a ex-pastora, que teve de enxugar uma lágrima.

O depoimento de Teresa MacBain (foto), 44, foi um dos pontos altos da conferência de ateus realizada naquela mês em Bethesda, no Estado de Maryland (EUA). Após os aplausos, ela disse que era uma "inimiga" deles. A plateia riu.


Emoção no anúncio da descrença
 


Filha de um sacerdote conservador, ela contou ter sido pastora em Tallahassee (Flórida) por mais de 10 anos. Em 2009, tinha sido promovida a pastora sênior, cumprindo a rotina de dar dois sermões por domingo, cantar hinos, orar por doentes. Mas ela tinha de parar com aquilo por uma questão de consciência e de lealdade para com os fiéis, porque deixou de acreditar em Deus. Seu último sermão foi no domingo dia 18 daquele mês. Falou de seu passado, de suas angústias e da necessidade de seguir novos caminhos.

Por algum tempo Teresa se sentiu aterrorizada só de pensar na reação dos fiéis quando soubessem de sua descrença. Mas naquele domingo decidiu que não iria mais se importar com isso.

Não foi fácil para Teresa lidar com sua consciência e se assumir como descrente, mas agora ela se defronta outro problema, o da rejeição. 

Dan Barker, um ex-pastor que atualmente é co-presidente da FFRF (Freedom From Religion Foundation), uma organização de ateus e livres pensadores, já tinha avisado Teresa: “É preciso estar preparada porque você vai perder a família, o emprego, tudo”. 

Foi o que aconteceu. 

Alguns dos parentes de Teresa mandaram dizer que não a querem em suas casas e a maioria de seus amigos — pastores entre eles — deixou de falar com ela. 

Teresa não sai de casa sozinha por causa das ameaças de violência que vem sofrendo pela internet, algumas delas de fiéis que não se conformam com a "enganação" dela. Agências desmarcaram as entrevistas que ela tinha marcado para obter novo emprego. Uma associação de humanistas da Flórida se ofereceu para lhe pagar um salário por um ano. 

O que ajudou Teresa em seus momentos de crise de consciência foi o Projeto Clero, da Fundação Richard Dawkins. Trata-se de uma comunidade virtual anônima para dar apoio a sacerdotes ateus, principalmente aos que se encontram “dentro do armário”. Ao longo de meses Teresa teve contato com uma pessoa cujo pseudônimo é “Lynn”, que é um dos responsáveis pelo projeto.

O futuro profissional de Teresa ainda é incerto. Mas ao menos ela deixou de sentir dores de estômago e de cabeça aos domingos, antes dos sermões nos quais dizia coisas em que não  acreditava. "Agora me sinto bem."

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