1) O jovem pregador deveria conhecer o Código de Direito Canônico (regra 222), promulgado pelo Papa João Paulo II, já em 1983, que atribui "aos fiéis" o atendimento das necessidades da sua Igreja.
2) Mais: segundo a legislação vigente (CF, c/c DL federal 25/1937, somente quando o proprietário de um bem tombado provar cabalmente sua incapacidade financeira para conservar o bem, poderá solicitar que eventuais restauros sejam procedidos com dinheiro público, posto que a responsabilidade atribuida pela CF, quanto à conservação de patrimônio histórico, pelos poderes públicos, é de natureza subsidiária (secundária), cabendo a obrigação de manter os bens em bom estado aos proprietários (função social da propriedade).
3) O fato da Assembléia de Deus ter recebido um repasse - igualmente absurdo - de recursos públicos não elimina a ilicitude da pretensão do padre Kléberson. a Igreja da qual é membro é a instituição mais rica do planeta, havendo quem diga que o somatório do patrimônio dos 5 maiores grupos econômicos do mundo não alcança o seu.
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Ao repassar R$ 193 mil à Assembléia de Deus, Estado estaria demonstrando "preferência", diz
LISLAINE DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
DA REDAÇÃO
O padre Kléberson Paes afirmou que está
“pedindo socorro” ao Governo do Estado para que Mato Grosso não perca um
de seus patrimônios públicos mais antigos: o Santuário Eucarístico
Nossa Senhora do Bom Despacho.
O apelo foi feito após o MidiaNews
publicar a notícia de que a Igreja Evangélica Assembléia de Deus -
Ministério Madureira, de Cuiabá, foi contemplada com R$ 193 mil, por
parte da Secretaria de Estado de Cultura, para a realização do evento
“Projeto Cultural e Histórico do Centenário das Assembléias de Deus”.
A destinação da verba, por parte do
secretário de Estado de Cultura, João Malheiros (PR), está sendo
investigada pelo Ministério Público Estadual.
Kléberson Paes, reitor do santuário,
afirmou que não tem o objetivo de polemizar sobre o assunto mas, em nome
dos fiéis, chamar a atenção sobre a necessidade de recursos para a
restauração da igreja.
Desde que foi tombada, após acordo
fechado em 1º de março de 1877 entre o Estado e a Mitra Arquidiocesana
de Cuiabá, a Igreja do Bom Despacho passou por apenas uma reforma,
considerada "superficial" por parte dos administradores.
“A Mitra conferiu à Fundação Cultural de
Mato Grosso a guarda, conservação e manutenção da igreja, mas não recebe
nenhum tipo de verba mensal por parte do Estado, desde que foi tombada
como patrimônio histórico. A partir da assinatura do convênio,
entende-se que o Estado se tornaria responsável pela manutenção do
patrimônio”, afirmou.
Apesar de a pintura ter sido refeita, e o
piso restaurado em 2004, o telhado não teria sido reformado da maneira
adequada, e o reboco teria sido "malfeito", na avaliação do pároco.
“Tem muitas goteiras, mas muitas goteiras
mesmo. Chove mais dentro da igreja do que fora. Em dia de missa, já
aconteceu várias vezes de a igreja estar cheia, lotada e, daí, vem uma
chuva forte, principalmente quando é chuva com vento, que bate nos
vitrais e escorre pelas paredes. Temos problemas nas calhas e também de
infiltração nas colunas e nos cantos. A igreja está rachando aos
poucos”, lamentou o padre.
Segundo ele, várias reuniões já foram
feitas entre os representantes da Secretaria de Estado de Cultura e da
Igreja do Bom Despacho ao longo dos últimos anos, mas nada de concreto
foi feito.
"Contradição"
O padre contou ter se encontrado, na
última semana, com o secretário João Malheiros e o secretário-adjunto,
Oscemário Daltro, para a entrega de um ofício relatando as necessidades
urgentes da igreja.
“A resposta é sempre a mesma: não tem dinheiro, não tem dinheiro”, reclamou.
Para o pároco, ao afirmar que não há
verbas para reformar um patrimônio público, e destinar recursos para
apoiar o evento de outra igreja, o Estado estaria demonstrando
preferência em ajudar uns em detrimento de outros.
“É contraditório isso. Você vê certas
manifestações e contribuições por parte da Secretaria de Cultura a
certos eventos não-católicos, então, é de se escandalizar. Dá essa
impressão, de que está dando preferência”, disse.
Para o padre Kléberson, o Estado deveria
atender igualmente às necessidades apresentadas e dar preferência aos
casos que estão sob sua responsabilidade.
“O que eu espero é que o Governo do
Estado dê preferência, não ignore esse patrimônio. Nós, católicos,
também temos direito de sermos amparados pelo Estado. Precisamos de
ajuda. Esse é o apelo que eu faço. Precisamos deste apoio por parte da
Secretaria de Cultura”, ponderou.
Investimento
O reitor do Santuário não soube precisar
qual o valor seria necessário para uma restauração adequada e a solução
de todos os problemas. "Mas estamos fazendo um estudo, ao longo desta
semana e da próxima, com uma arquiteta e engenheira para levantarmos os
valores", disse.
Enquanto isso, ele já afirmou que está buscando parcerias privadas para tentar dar início aos trabalhos necessários no local.
“Já mantive contato com pessoas católicas
e não católicas e vamos tentar montar um projeto para apresentar à
Secretaria de Cultura. Mas vamos também buscar parcerias com empresas.
Já procuramos a secretaria por várias vezes e estamos esperando uma
resposta concreta. Por enquanto, vamos trabalhar com parceiros, isso já é
certo”, afirmou.
Gastos
De acordo com o padre, mensalmente a
Igreja consome cerca de R$ 10 mil para manter os salários dos
funcionários, como zeladores, secretários e guardas e, mesmo sendo
isento de pagar o consumo da energia elétrica, é difícil conseguir a
quantia para manter as contas em dia.
“Nós temos funcionários e gastamos cerca
de R$ 10 mil. Já é difícil conseguir esse valor. Então nós precisamos
dessa contribuição, desse apoio do Estado. É claro que é
responsabilidade nossa, da Igreja Católica, do reitor e do arcebispo
ajudar na manutenção, mas é responsabilidade primeira da Secretaria de
Cultura manter, zelar e guardar esse patrimônio que se destaca no centro
da Capital”, afirmou.
O padre afirmou ainda que o local também
seria de responsabilidade da Secretaria de Turismo, uma vez que atrai
visitantes de outros Estados e estrangeiros - e se tornou um ponto
turístico da Capital.
“Em vários pontos do Estado você pode ver
fotos da igreja. O fluxo de pessoas que passam por aqui é muito grande,
não somente de Mato Grosso, mas também de fora. Têm turistas até mesmo
de outros países. Cerca de mil pessoas passam por dia por aqui”, disse.
Outro lado
O MidiaNews
tentou, por vária vezes, falar com o secretário de Cultura, João
Malheiros, por meio de seu celular. Até o fechamento desta reportagem as
ligações não foram retornadas.
Um comentário:
10 mil por mês de empregados? Seria interessante mostrar essa folha de pagamento. Os fiéis que façam a limpeza em mutirão, ou escala de voluntários. Segurança que deixe nas mãos de Deus, se ele não protege nem o que é 'seu', não serve pra nada. Qto da folha de pagamento vai pro padre?
Que fechem outras igrejas mais novas sem 'valor' histórico, usem dindim nessa se acham que é patrimônio e os fiéis que frequentem essa e deixem lá seus trocados na sacolinha e coletores.
Não pode manter que venda, que alugue pra um hotel, livraria, MacDonald, Starbucks, Shopping popular o que der mais. Se receber dinheiro público porque foi 'tombado' como patrimônio então deve servir a todos os contribuintes e não somente para eventos da Icar. Sugiro que seja aberto para velórios, caso não haja um velório municipal.
Chega de igreja vampirizando o trabalho alheio, nem pra abrigar moradores de rua pra ao menos dormirem no bancos, protegidos do frio e da chuva igreja não serve.
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