Porta-voz do Vaticano diz que Igreja não é "multinacional"
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da Ansa, em Buenos Aires
colaboração para Folha Online
O porta-voz do Vaticano, o padre Federico Lombardi, afirmou que "a Igreja não é uma multinacional" ao se referir à falta de transparência nos casos de pedofilia que envolvem religiosos católicos de vários países, defendendo que a cultura da Santa Sé sempre foi a de tratar denúncias deste tipo de forma "privada".
Em entrevista ao jornal argentino "La Nación", o representante do catolicismo assinalou que "o governo de Roma é um serviço para a unidade da Igreja, que oferece indicações" e que "não se pode imputar à Roma responsabilidades concretas das autoridades locais".
Lombardi admitiu que "havia uma cultura geral, assim como uma natural vergonha, para não tornar públicas estas coisas [as denúncias de abuso sexual contra menores] e tratá-las de modo privado".
"As diversas conferências episcopais iniciaram medidas para mudar a situação. A maioria dos casos emersos aconteceu há 30 anos, enquanto hoje a situação melhorou sensivelmente, em parte porque os critérios de seleção e formação dos candidatos ao sacerdócio melhoraram", garantiu o padre.
Segundo ele, o papa Bento 16 "está trazendo transparência" e é "o paladino de como confrontar estas questões desde quando guiava a Congregação para a Doutrina da Fé, período no qual, em 2001, lançou uma nova legislação".
Nas últimas semanas, a imprensa internacional vem criticando a atuação do pontífice quando este chefiava a congregação ou anteriormente, quando era arcebispo de Munique e Freising, lançando suspeitas de que ele teria encoberto episódios de pedofilia e deixado de punir sacerdotes criminosos.
Questionado sobre a hipótese de que as denúncias contra Bento 16 configurem uma conspiração, Lombardi rebateu declarando que quem fornece as informações que baseiam as reportagens são os representantes legais das vítimas.
"Conspiração? Chamem do que quiser, mas são os advogados que estão passando à mídia documentos sobre seus casos para ganhar mais dinheiro. E a mídia que difunde os casos mais polêmicos sem aprofundar", assinalou.
"Momento difícil"
As declarações do porta-voz do Vaticano chegam em defesa ao papa e rebatem as críticas enfrentadas pela Igreja Católica nas últimas semanas.
Durante a Páscoa, além dos escândalos de pedofilia que surgiram em diversos países, mas sobretudo nos Estados Unidos e na Alemanha, a Igreja enfrentou polêmicas como a do líder anglicano Rowan Williams, que acusou a Igreja Católica irlandesa de ter perdido "toda a credibilidade", e também teve que lidar com críticas de todo o mundo após uma comparação entre as reações aos casos de abusos com o antissemitismo.
A situação foi tão delicada que o pregador da Casa Pontifícia, o franciscano Raniero Cantalamessa, teve que pedir desculpas públicas pelo sermão pronunciado na Sexta-Feira da Paixão, no qual comparou as acusações contra o papa e a Igreja Católica com as perseguições sofridas pelos judeus.
"Se, sem querer, feri a sensibilidade dos judeus e das vítimas de pedofilia, lamento sinceramente e peço desculpas, reafirmando minha solidariedade com uns e outros", afirmou Cantalamessa ao jornal "Corriere della Sera".
Durante toda a Semana Santa, os meios de comunicação da Santa Sé, o jornal "L'Osservatore Romano" e a Rádio Vaticano, divulgaram mensagens de apoio ao Papa e condenação ao que chamaram de "campanha de propaganda vulgar" contra a maior autoridade dos católicos.
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Já que a ICAR atribui aos advogados a culpa, que tal mais uma denúncia?
A Igreja funcionava assim, diz arcebispo sobre pedofilia
Agência AFP
PARIS - Monsenhor Jacques Gaillot, arcebispo de Evreux, admitiu em entrevista a um jornal francês o erro por ter recebido na década de 80, em sua diocese, um padre condenado por pedofilia, mas explicou: "Na época, a igreja funcionava assim".
"Fazíamos um favor. Nos pediam para receber um padre indesejável e você aceitava. Foi o que fiz, há mais de 20 anos. Foi um erro", disse o monsenhor Gaillot ao jornal Le Parisien/Aujourd'hui en France, no momento em que a Igreja Católica é abalada por onda de escândalos de pedofilia.
Em 1987, a Igreja autorizou o padre canadense Denis Vadeboncoeur a atuar na França, apesar do sacerdote ter sido condenado a 20 meses de prisão em seu país em 1985, por atos de pedofilia.
Gaillot, mesmo sabendo da condenação, nomeou Vadeboncoeur em 1988 padre e vigário episcopal, o que deixava o canadense em contato com muitas crianças na região oeste da França.
Em 2005, Denis Vadeboncoeur foi condenado pela Sala Penal de Eure a 12 anos de prisão por violar um menor, entre 1989 e 1992. Durante o julgamento, o bispo Gaillot manifestou arrependimento.
"Hoje, as coisas mudaram na Igreja. Agora, vamos aos tribunais. Estamos saindo gradualmente desta cultura do segredo", afirmou o monsenhor Gaillot.
07:31 - 05/04/2010
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Quem é mais culpado? Aquele que revela segredos que envolvem atos abomináveis ou aquele que os traz ao conhecimento público e colabora para prevenir as famílias contra os tarados que se aproveitam de menores e de pessoas ingênuas ou que assustam as pessoas que conseguem imbecilizar, valendo-se de temores reverenciais?
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