Corpo de idosa morta em atropelamento em Madureira é sepultado
Angélica Fernandes
A idosa que morreu após ser atropelada durante um ensaio da Portela, neste domingo, foi enterrada nesta terça-feira no Cemitério do Murundu, em Padre Miguel, na Zona Norte. Maria Helena de Melo, de 60 anos, foi atingida por um veículo em fuga e morreu antes de chegar ao hospital. Cerca de 50 pessoas acompanharam o cortejo.
Emocionado, o filho da idosa, Jorge Luiz de Melo, lamentou o ocorrido. "Nunca imaginei que fosse passar por isso. Sempre vejo essas tragédias na televisão e agora estou aqui, mas ainda acredito na polícia e na Justiça", afirmou.
"Ela me amava muito e me tinha como mãe. Era uma pessoa muito alegre e cuidava muito bem do esposo", disse Giorgina Conceição dos Santos, sogra da vítima. Maria Helena deixa dois filhos e o marido, que sofreu dois AVCs e contava com a ajuda da companheira.
Foto: Willi Shampoo / Agência O Dia
Uma reunião inesperada salvou os componentes da Portela. O ensaio que a escola iria realizar em frente a sua quadra estava previsto para começar às 18h30, no mesmo local e horário em que atropelamento seguido de explosão matou uma pessoa e feriu outras 47.
O veículo que possivelmente causou a tragédia foi encontrado nesta segunda-feira queimado na favela Proença Rosa, em Honório Gurgel, e a polícia procura dois suspeitos do crime.
No momento do acidente, cerca de 1.500 integrantes já estavam concentrados na quadra da agremiação, prontos para ir à rua e começar o ensaio.
O evento só atrasou porque a Diretoria de Carnaval da Azul e Branca decidiu se reunir com os componentes para pedir que todos encarassem o ensaio como o desfile oficial. Foram 10 minutos salvaram os componentes.
“Sorte que a escola ainda estava concentrada na quadra. O pessoal da bateria já estava se preparando para sair quando o carro passou atropelando quem estava pela frente. Se o acidente acontecesse minutos depois, a tragédia teria proporções gigantescas”, comenta Robson Cerqueira, 39 anos, integrante da ala da comunidade. Representantes de todas as alas participariam do ensaio.
A dona de casa Lindaura Ferreira Tavares, 61 anos, não teve a mesma sorte. Ela e a amiga Maria Helena de Melo, 60, esperavam a Portela passar quando foram atropeladas. Lindaura sofreu escoriações e Maria Helena morreu: “A gente estava em frente a quadra quando vimos um carro jogando as pessoas para o alto. Vi a minha amiga caída sobre uma poça de sangue. Foi horrível”.
De acordo com parentes, Maria Helena morreu em consequência de múltiplos traumatismos e hemorragias internas em vários órgãos.
Carro que teria provocado acidente aparece queimado
Policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) encontraram nesta segunda-feira o carro que teria sido usado no atropelamento em Madureira. Avaliado em mais de R$ 117 mil, o veículo, um Mercedes-Benz C180 CGI 2011/2012, estava às margens do Rio Acari, na Favela Proença Rosa, em Barros Filho. Antes de ser abandonado, porém, ele foi incendiado.
Segundo agentes do Serviço Reservado da PM, o carro teria sido roubado momentos antes da tragédia, na Estrada Marechal Alencastro, em Ricardo de Albuquerque. Dois traficantes da Favela Proença identificados apenas como ‘Bruninho’ e ‘Tatola’ são apontados como os responsáveis pelos atropelamentos.
Ao chegar à comunidade em busca do veículo e dos bandidos, os PMs foram recebidos a tiros, mas não houve feridos. O delegado da 29ª DP (Madureira), Rubem Eduardo Campos, disse que está investigando, de forma separada, os atropelamentos e a explosão do artefato, embora não descarte a possível ligação entre os dois casos.
De acordo com a assessoria da Polícia Civil, imagens de cinegrafistas amadores e da CET-Rio estão sendo analisadas.
Foto: André Luiz Mello / Agência O Dia
O artefato que explodiu meia hora depois do atropelamento pode ser uma bomba caseira. Uma vítima passou por cirurgia para a retirada de um prego alojado na cabeça. Já uma família que também ficou ferida na tragédia afirma que encontrou pedaços de cano PVC em suas roupas.
Terezinha Amorim Alves Carneiro, 60 anos, estava no portão de casa acompanhando o resgate às vítimas atropeladas quando foi atingida pelo prego. Ela está internada no Hospital Municipal Souza Aguiar, sem previsão de alta.
A vendedora Tainá Primavera de Araújo, 28, sofreu ferimentos nas pernas provocados por estilhaços do explosivo. Ela acompanhava o resgate com seu filho Leonardo e a sobrinha Eduarda, ambos de oito anos, que também ficaram feridos. Tainá conta que encontrou pedaços de cano PVC na roupa da família. “Na hora da explosão, só consegui me jogar na frente das crianças”, conta.
Segundo uma testemunha, a bomba foi jogada pelos ocupantes do carro que causou o atropelamento contra PMs, mas não explodiu na hora.
O caso mais grave é o do ambulante Cristiano Mário Francisco, 31 anos, internado em estado grave no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Ele foi atingido no rosto, perna e braço.
“O rosto dele está péssimo, horrível, horrível”, descreveu a mulher de Cristiano, Sandra de Oliveira Reis, 52 anos.
Fonte: O DIA
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