14.02.2012
por Rosely Sayão
Garotas entre 14 e 16 anos abusam do álcool para relaxar de toda a pressão que sofrem da família e da escola. Uma pesquisa sobre consumo de bebidas alcoólicas foi realizada em 16 Estados brasileiros pela Universidade Federal de Minas Gerais.
O resultado aponta um dado que devemos considerar alarmante: a partir dos 14 anos, meninas consomem mais álcool do que meninos.
Podemos creditar esse fato a um outro, de conhecimento de todos nós: a venda de bebidas alcoólicas, embora proibida para menores de 18 anos, acontece sem a menor cerimônia. Em qualquer bairro ou cidade do país, adolescentes compram o produto de sua preferência sem maiores problemas.
Se essa fosse a causa do problema, a responsabilidade pelo fato grave apontado no levantamento seria toda do Estado: a falta de fiscalização e de punição para os infratores é o que contribui para que a bebida role solta, não é verdade?
Ainda assim, não estaríamos livres de nossa responsabilidade: quantas vezes fomos testemunhas dessas vendas e não esboçamos reação alguma?
Entretanto, é um detalhe dessa pesquisa que quero colocar no centro de nossa conversa de hoje. Por que as meninas dessa idade têm usado e abusado do álcool mais do que os meninos?
Para essa pergunta não temos uma resposta certa, mas certamente podemos fazer algumas conjecturas.
Olhe para nossas crianças menores de seis anos. Você percebe que há uma diferença enorme entre meninos e meninas? Meninos são moleques: se vestem e se comportam como moleques, têm interesses de moleques e brincam como tal.
Já as meninas... Ah.... Elas são pequenas mulheres. Vestem-se como mulheres, se interessam por assuntos de mulheres feitas e gostam de brincar de ser mulher.
Sem uma intervenção firme dos adultos, as meninas pulam a fase da infância com a maior facilidade.
E por falar em intervenção firme dos adultos, temos feito isso, sim, mas no sentido contrário ao que deveríamos fazer. Meninas de nove anos são levadas pelos pais -pelas mães em especial- a comemorar o aniversário em salões de beleza. Elas ganham roupas provocantes e sapatos de salto precocemente, têm seu próprio arsenal de maquiagem etc.
Queremos que as meninas sejam adultas logo. Para falar a verdade, nem consigo entender os motivos disso. Afinal, filho criado dá trabalho redobrado, não é isso o que diz o ditado popular?
O resultado da pesquisa pode nos fazer pensar nisso: as meninas, sob intensa pressão social que aponta para uma expectativa de crescimento rápido, estão respondendo a contento.
A bebida alcoólica pode funcionar como mediador social quando ingerida com parcimônia, não é mesmo? Mas há uma condição para que assim seja usada: a autonomia e a maturidade de quem a consome.
Garotas entre os 14 e os 16 anos ainda estão em pleno processo de conquista de autonomia e vivendo ainda o seu tempo de amadurecer. Com a ajuda da família e da escola, elas poderão chegar lá. Mas muitas garotas -um número enorme- que vivem essa fase não conta com essa ajuda. Contam é com muita pressão de ambas.
Família e escola têm expectativa muito semelhante: a de que os jovens se empenhem na conquista do êxito escolar como se isso fosse sinalizador de alguma coisa.
Sabemos que não é, mas insistimos nisso.
Uma das maneiras que as garotas têm encontrado para relaxar do estresse a que estão submetidas parece ser, então, a ingestão de bebidas alcoólicas.
Realmente, não temos motivo algum para brindar.
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. É autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha), entre outros.
MEUS COMENTÁRIOS
Pressão? Pura merda ou desculpa esfarrapada. Achei uma furada essa pesquisa. Não acredito na insegurança e pressão que elas sentem. Minha mãe sentia isso muito pior no meio de 11 irmãos. Depois veio a minha geração, cujas meninas não chegavam nem perto das de hoje, que tem tudo a disposição. Que pressão? Para irem melhor na escolha? Para se comportarem? Para se preocuparem com a maternidade? Com o futuro? Ué! Que geração não teve ou não tem essa preocupação? Pra mim é a mais pura desculpa, falta verdadeiramente de pressão, falta de pais, falta de educação de uma geração sem barreiras, limites ou fronteiras, criadas por babas e pais "mutcho locos", além de frouxos. Geração cuja educação vem da novela das oito e dos bbs. Infelizes que são, bebem porque acreditam numa concorrência inexistente. Quem é bom está na dianteira, descola bom empregos, bom maridos e conquistam ótimas famílias. As demais seguem desesperadas, bebendo, fantasiadas de tigres, onças, zebras, ... perdidas e despreparadas numa selva repleta de lobos, sendo comidas não sabem nem como e nem por quem.
Eu sofri pressão sim, até para ajudar nas despesas da minha casa, casa e economizar no banho de chuveiro. Isso com 14 anos. Saí de casa aos 18 por conta disso, (isso era ser rebelde, figir de casa e mostrar que podia ser gente). Vim para a capital, sozinho. Banquei tudo e, por conta da educação e exemplos de que tive dentro de casa, nunca, jamais tomei uma gota de álcool. Seria eu melhor do que os outros? Balela ! Tive apenas pais verdadeiros que me ensinaram que eu tinha que me preocupaar com o futuro, ser honesto e trabalhador acima de tudo. Bendita pressão que repasso ao meu filho.
Se ele fizer merda, está por conta dele, bom exemplos e educação eu passei a ele.
Minha mulher a mesma coisa. Nos conhecemos logo aos 19 anos, corremos, viajamos, trabalhamos, construimos um patrimônio e uma vida juntos e juntos estamos ha 32 anos. Mulher como ela eu não acho nunca mais. Nem em outra reencarnação. Nunca bebeu e nem fumou. Anormal ela? Anormal eu? Claro que somos ! Nos amamos ha 32 anos, só podemos ser loucos com tanta pressão.
Os meninos, pelos a grande maioria, se vestem como meninos desde cedo. Já as meninas em tenra idade, para alegria de suas "mãe" já usam minia saia, batons, pintam as unhos e até pintam e alisam seus cabelos. Outras são empurradas para concursos de misses ou modelos. Essas mulheres então, hoje, estão completamente perdidas, sozinhas, desesperadas e desprepadadas, sendo mães aos nove anos de idade. Culpa de quem? Faltou-lhes pais que só pensam em ganhar grana e com a PQP, menos família.
As boas mulheres hoje, da minha geração, que sentiram a pressão de uma boa educação estão muito bem casadas ou sozinhas, mas bem. Sabem inclusive dispensar criaturas que ousam se chamar de homens, mas que vivem bêbados, bombados, marombados, cuja única preocupação é o corpo, e que no final acabam queimando a rosca. Por onde ando, e olha que viajo, vejo uma geração completamente perdida de todos os valores, valores que deveriam ter sido passados por pais exemplares e não pelas novelas e programas de merda globais e tão pouco pela Luciana Gimenez.
Vale lembrar que detesto gente que vive com copos na mão, mostrando uma segurança que não possuem, apenas dirfarçam e quando bebem, soltam literalmente a franga.
Fonte: PRAVDA
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