Guila Flint - para a BBC Brasil
Quatro casas e
uma creche de refugiados africanos em Tel Aviv foram alvo de ataques com
bombas incendiárias durante a madrugada desta sexta-feira, em ataques
que estão sendo atribuídos a um grupo de extrema-direita de Israel.
O ataque
coordenado visou casas de africanos do Sudão e da Eritreia atualmente
sob status de refugiados em Israel que moram ao sul da cidade de Tel
Aviv.
Por volta das 2h
de sexta-feira um coquetel molotov foi lançado contra um grupo de
refugiados que dormia no quintal de um prédio, três bombas foram
atiradas contra casas e a quinta atingiu uma creche frequentada pelos
filhos dos africanos.
Não houve feridos porém todos os locais ficaram totalmente destruídos pelo fogo.
O fotógrafo Oren Ziv, que mora ao lado de um dos prédios atacados, disse à BBC Brasil que acordou com o barulho no quintal.
"Vi o sofá, no
qual um dos refugiados costuma dormir, pegando fogo e imediatamente
peguei minha camera e saí de casa para registrar o que estava
acontecendo", relatou Ziv.
"Logo chegaram pessoas contando que outros locais também estavam pegando fogo, inclusive a creche".
Uma das bombas foi lançada contra o quarto de duas refugiadas da Eritreia, que estavam dormindo no momento do ataque.
"Os atacantes
quebraram a janela e jogaram o coquetel molotov dentro do quarto,
sabendo que havia pessoas dormindo lá, foi uma tentativa de
assassinato", acusa Ziv.
As refugiadas da Eritreia conseguiram fugir do quarto a tempo e não ficaram feridas.
EXTREMISMO
Os moradores do
bairro atribuem os ataques a um grupo de extrema-direita que é contra a
presença dos refugiados africanos na região.
O grupo,
denominado "Comitê contra os infiltrados", alega que a presença dos
refugiados africanos "afeta o valor dos imóveis no bairro e prejudica a
qualidade de vida dos moradores".
"Tenho certeza
que esse foi um crime de racismo", afirmou Ziv, "pois todas as bombas
foram lançadas ao mesmo tempo e só contra alvos ligados aos refugiados
africanos".
O fotógrafo disse que os responsáveis prepararam, de antemão, mais de 15 coqueteis molotov, parte dos quais não explodiu.
TEL AVIV
Milhares de refugiados africanos moram no sul de Tel Aviv, nos bairros mais pobres da cidade.
Vários moradores
israelenses na região se revoltam contra a presença dos imigrantes e
atribuem a eles a responsabilidade pelas duras condições de moradia.
"Trata-se de um
problema social que tem que ser solucionado pela prefeitura, os
africanos não têm culpa", diz Ziv, "mas politicos de direita lideram o
incitamento contra os refugiados e conseguem o apoio de parte dos
moradores".
De acordo com o
fotógrafo, os grupos de extrema-direita têm distribuido panfletos nos
bairros do sul de Tel Aviv acusando os refugiados africanos de "estuprar
as mulheres e roubar os empregos dos israelenses".
Fonte: COISAS JUDAICAS
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