A obra referida no título desta postagem foi organizada escrita por ROGÉRIO LUIZ DE SOUZA e CLARÍCIA OTTO, publicada pela Editora Insular, de Florianópolis e contém muito da história de SC, revelando detalhes do imbricamento da Igreja Católica com as elites e o Estado barriga-verde.
Além daqueles redigidos pelos próprios organizadores, outros capítulos foram escritos por RIOLANDO AZZI, IVAN APARECIDO MANOEL, PAULO PINHEIRO MACHADO, SARA NUNES, MICHELE MARIA STAKONSKI, ALCEU KASPARY, ALTAMIRO ANTONIO KRETZER, CAMILO BUSS ARAÚJO, JOSÉ ADILÇON CAMPIGOTO, CAROLINE JAQUES CUBAS, CALRICE BIANCHEZZI e RANGEL OLIVEIRA DE MENEZES.
Da obra depreende-se, por exemplo, que a propalada separação entre a ICAR e o Estado é uma falácia, eis que a Igreja soube cooptar as elites e se manter em alianças espúrias com o Estado, bem como que a República acabou por favorecer a "Prostituta de Roma", provocando a ampliação das poucas dioceses para muitas e permitindo que os homens de sotaina se adonassem do ensino, tornando obrigatório o religioso.
Mostra a ação maquiavélica do bispo Dom Joaquim, que fingiu -se um nacionalista e aceitar a separação da Igreja do Estado, assim como a criação de escolas laicas, doando prédios para a instalação das mesmas (prédios que a Igreja ganhara do Estado, é claro), em troca da permissão para o ensino religioso, pois o uso da palavra, para a difusão do culto, sempre foi fundamental, notadamente nas camadas mais jovens e inocentes da população.
O livro é excepcional, pelo conteúdo corajoso e realista, valendo ser lido com toda atenção e reflexão.
Para que se veja como as safadezas são urdidas entre as elites e a Igreja, com o Estado sendo arrastado pela conjugação daquelas forças perversas, cito:
A Constituição de 1891 foi negociada exaustivamente entre o clero católico brasileiro, representado pelo bispo do pará, Antonio de Macedo Costa, e o Estado brasileiro, representado pelo Ministro Rui Barbosa. Ambos representantes encontravam-se regularmente em Petrópolis para discutir os pontos mais polêmicos da constituição em elaboração pelo governo republicano, de modo a evitarem-se perdas e danos para a instituição católica. (p. 45)
Conchavos!!!
Outras citações:
- Segundo a interpretação do catolicismo ultramontano, o mundo moderno era pernicioso à salvação humana pelo fato de ter se constituído sob a égide da liberdade de consciência e ter proposto a "multidão" como legitimadora do poder. Ou, em outras palavras, o mundo moderno recusava subordinar-se à doutrina e controle católicos, pretendia derrogar o estatuto da monarquia absolutista e estabelecer o contrato como instrumento de mediação entre as classes sociais. (p. 46)
- Embora oficialmente impedido de subvencionar sistemas particulares de ensino, o Estado, comandado pelas oligarquias, colocou o tesouro público à disposição das escolas particulares, em especial às católicas. O apoio intensivo e ostensivo à política educacional católica confirmou-se já nos anos iniciais da ditadura Vargas, quando, em 1931, Minas Gerais reintroduziu o ensino religioso nas escolas públicas, e esse posicionamento se ampliou para o Brasil todo após 1934, ao lado das subvenções para as escolas católicas. (p. 55)
Outras citações:
- Segundo a interpretação do catolicismo ultramontano, o mundo moderno era pernicioso à salvação humana pelo fato de ter se constituído sob a égide da liberdade de consciência e ter proposto a "multidão" como legitimadora do poder. Ou, em outras palavras, o mundo moderno recusava subordinar-se à doutrina e controle católicos, pretendia derrogar o estatuto da monarquia absolutista e estabelecer o contrato como instrumento de mediação entre as classes sociais. (p. 46)
- Embora oficialmente impedido de subvencionar sistemas particulares de ensino, o Estado, comandado pelas oligarquias, colocou o tesouro público à disposição das escolas particulares, em especial às católicas. O apoio intensivo e ostensivo à política educacional católica confirmou-se já nos anos iniciais da ditadura Vargas, quando, em 1931, Minas Gerais reintroduziu o ensino religioso nas escolas públicas, e esse posicionamento se ampliou para o Brasil todo após 1934, ao lado das subvenções para as escolas católicas. (p. 55)
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