VIOLÊNCIA, INCOMPETÊNCIA, NEGLIGÊNCIA E HUMILHAÇÃO
À esquerda, Ronaldo Freire, Chefe de Gabinete do Secretário de
Desenvolvimento Sustentável, Paulinho Bornhausen, que agendou a
audiência com o Secretário Grubba, que tentou fugir dos vereadores de
Palhoça, no carro oficial
Fotos: Baby Espíndola Repórter
O Poder
Legislativo de Palhoça foi estupidamente humilhado, pelo Secretário de
Segurança Pública, César Augusto Grubba, na tarde de terça-feira, 24 e
abril, justamente a data em que o município completava 118 anos de
emancipação político-administrativa. E que, portanto, merecia mais
respeito. Dez dos onze vereadores de Palhoça, liderados pelo presidente
da Câmara, Otávio Martins Filho (Tavinho – PSD), compareceram,
rigorosamente no horário marcado, para uma audiência com o secretário.
Mas, não foram
recebidos, para a audiência, agendada, há quase um mês. Não passaram da
porta do todo poderoso secretário, que deveria oferecer mais segurança
ao povo catarinense. Mas que está permitindo que as cidades mergulhem
numa tenebrosa onda de violência, consequência da incompetência e
negligência.
César Grubba
fugiu da reunião com os vereadores de Palhoça. Mas, os parlamentares
acabaram flagrando o secretário em rota de fuga, afoito e apressado, na
porta da garagem do prédio da SSP. Houve um ligeiro bate-boca, com os
vereadores cobrando a reunião e o secretário se esquivando, alegando
compromissos mais urgentes.
Quando ignorou a
agenda e deixou de receber os dez vereadores de Palhoça, o Secretário
Grubba impôs uma poderosa dosagem de humilhação aos palhocenses. Um povo
sofrido, massacrado por uma violência sem precedentes.
Através da
assessoria, o Secretário de Segurança justificou o cancelamento da
audiência, devido a um velório, o que reclamava a presença de César
Grubba. Claro, que o falecido não era uma vítima de homicídio, de
Palhoça. Os mesmos assessores explicaram que, antes de receber os
vereadores, representantes do povo de Palhoça, Grubba pretende conversar
com o prefeito Ronério Heiderscheidt. Se o prefeito argumentar que
Palhoça, “bela por natureza”, é “a cidade que mais cresce em Santa
Catarina”, pode parecer que tudo vai indo muito bem. Mas, em termos de
segurança pública, nada vai bem.
Recentemente, a
mídia eletrônica e impressa, guiada por pesquisas, apontou Palhoça como
a cidade mais violenta de Santa Catarina, a que mais registra
homicídios. Bela por natureza, mas muito violenta. Também, por culpa de
autoridades negligentes e incompetentes, como o secretário César Grubba.
Dados oficiais indicam que, até o final da primeira quinzena de março, Palhoça contabilizava quatorze assassinatos.
Essa liderança
no ranking da violência, convenceu o Exército Brasileiro a escolher a
cidade, como cobaia para treinamento de soldados, que serão enviados ao
caótico Haiti. Pela explicação de um oficial, fardado como periquito
verde, por toda Santa Catarina, Palhoça é a cidade mais parecida com o
Haiti, não pela geografia, mas exatamente devido às atitudes violentas
de alguns, os guerreiros do tráfico, que transformaram a terra dos
manguezais num sangrento campo de batalha.
Em termos de
violência, Palhoça desponta, em todas as estatísticas, de forma muito
negativa. Além dos assassinatos – de 2010 para 2011, houve um aumento de
mais de cem por cento, no número de homicídios – todos os dias, são
registrados, em média, 70 boletins de ocorrência. Os crimes mais comuns,
narrados pelas vítimas, são assaltos à mão armada, em residências e
casas comerciais. São crimes motivados pelo tráfico de entorpecentes.
A cidade, com
quase 150 mil habitantes (137.344, segundo o Censo IBGE, de 2010), conta
com os precários serviços de uma Delegacia de Comarca, na área central,
e uma subdelegacia, no Balneário Pinheira, que não funciona. A única
delegacia operacional, também não opera como deveria. Para registrar um
simples BO, uma vítima da violência pode ser forçada a aguardar horas.
Formam-se filas, iguais àquelas da saúde pública, à porta da delegacia. A
demora acontece, também, porque o sistema informatizado nem sempre está
ativo. E, quando a rede é ativada, os computadores, velhos e obsoletos,
não conseguem acessar o sistema.
Para tentar
resolver os crimes, operar todo o serviço burocrático, a delegacia tem
um quadro de policais muito abaixo do desejado. Ignorando o crescimento
da cidade, registrado nas últimas três décadas, a estrutura de
investigação e policiamento da cidade é a mesma há 30 anos. São cinco
investigadores, para tentar desvendar a autoria e as circunstâncias que
envolvem os crimes.
A situação é
humilhante – talvez, por isso, o Secretário de Segurança fugiu dos
vereadores, para evitar constrangimento maior. Tubarão, por exemplo, que
tem menos de cem mil habitantes, possui cinco delegacias. Palhoça
possui uma só. Só uma, esquartejada, pela falta de estrutura
operacional.
O efetivo da
Polícia Militar também não cresceu na mesma proporção do inchaço
populacional. O Batalhão de Polícia Militar, que só existe de nome, tem
apenas 170 policiais, para Palhoça e outras cidades da comarca. Segundo
recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), o ideal é a
proporção de um policial para cada 250 habitantes. A partir deste
cálculo, Palhoça deveria ter 548 policiais.
Porém, apesar
dessa magreza no número de policiais civis e militares, o índice de
resolução dos crimes está bem acima da média estadual.
Fica aqui, uma
constatação: com tantas dificuldades, os policiais de Palhoça são
verdadeiros guerreiros. Guerreiros sem comando, porque o Secretário de
Segurança foge do campo de batalha. (Como comandante, que abandona o
barco, durante o naufrágio – ‘Volte a bordo!’).
César Grubba
fugiu da reunião com os vereadores de Palhoça. Mas, foi infeliz na rota
de fuga. Porque aconteceu um encontro, inesperado, na porta da garagem
(como demonstram as fotos), quando o secretário deixava o prédio da SSP,
afoito e apressado. Volte a bordo, Grubba!
Vereadores de Palhoça (à direita, na foto) batem boca com o Secretário Grubba, que está entocado, no carro oficial
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