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sexta-feira, 13 de abril de 2012

A nova geração pesquisa a história desse tribunal corrupto

Entrevista com Anita Novinsky

Por Rodrigo Elias
5/10/2011


Pioneira na pesquisa sobre a perseguição aos cristãos-novos pela Inquisição no Brasil, Anita Novinsky é referência nos estudos judaicos no mundo luso-brasileiro. Autora de obras que permanecem essenciais na abordagem do Santo Ofício, como Inquisição. Cristãos novos na Bahia (1970, 1ª edição), a professora livre-docente da Universidade de São Paulo foi desbravadora dos arquivos portugueses sobre o assunto. Nesta breve entrevista, ela avalia a atual produção brasileira e conclui que ainda há muito para se descobrir.
 
REVISTA DE HISTÓRIA A Inquisição é um tema urgente no século XXI?
ANITA NOVINSKY A Inquisição foi uma instituição repressiva, de extermínio, própria de um regime político totalitário. Hoje o mundo sofre ameaças do fundamentalismo, do fanatismo, e isso é preocupante para o futuro da humanidade.  Conhecendo o passado histórico, talvez os homens se conscientizem dos perigos que corremos.
RH O que despertou o seu interesse pelo tema?
AN  Muita gente ignora a presença da Inquisição no Brasil durante 300 anos. Houve prisões, confiscos, tortura e morte de brasileiros inocentes. Dois professores da USP me incentivaram: João Cruz Costa, de Filosofia, e Lourival Gomes Machado, de Sociologia. Os dois diziam que é impossível escrever a História do Brasil sem estudar os cristãos-novos.
RH Percebe algum progresso nos estudos?
AN A nova geração acordou para a necessidade de compreendermos que a História do Brasil foi escrita ignorando a ação de um tribunal de terror, que atuou em todos os níveis da vida brasileira – econômico, social, religioso e cultural. Hoje, em todos os estados, estudantes pesquisam a história desse tribunal corrupto e arbitrário. As novas pesquisas estão trazendo à tona os interesses materiais dos inquisidores.
RH O que, de fato, ignoramos?
AN Tudo ainda está por ser estudado na história da Inquisição no Brasil, que atuou do Amazonas ao Rio Grande do Sul. Há estados ainda não pesquisados, completamente virgens, como Alagoas. Interessam-nos as relações econômico-financeiras internacionais, a vida clandestina, a resistência, o contrabando, a religiosidade, os cristãos-novos na governança, as blasfêmias de uma população heterodoxa.
RHComo a Inquisição afetou a colonização no Brasil?
AN  Afetou, por exemplo, a criatividade da população, ao proibir leituras, críticas, estudos superiores e imprensa. A Inquisição foi responsável, de acordo com o poeta português Antero de Quental, pela decadência dos povos peninsulares.
RH O Santo Ofício uniu ou separou os cristãos-novos?
AN Os cristãos-novos foram solidários com os que chegavam sem coisa alguma. Recebiam os fugitivos, os desterrados, a quem davam terras para trabalhar. Muitas vezes a população brasileira se recusou a compactuar com os agentes da Inquisição, o que levou um governador a tomar medidas severas. Durante toda a história colonial, os cristãos-novos mantiveram uma visão do mundo bem diferente da dos cristãos-velhos
 
Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br

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