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quarta-feira, 23 de maio de 2012


Hospital grego tenta reter bebê para forçar mãe a pagar conta

Atualizado em 23 de maio, 2012 - 08:53 (Brasília) 11:53 GMT

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Anna e seu bebê; hospital grego ameaçou reter a criança caso ela não quitasse conta da cesariana

Uma paciente grega acusou um hospital de Atenas de ameaçar reter seu filho recém-nascido até que ela pagasse os custos da cesariana, avaliada em 1.200 euros.

A ação teria sido resultado de uma nova política dos hospitais gregos de endurecer as regras para pacientes que não estão em situação de emergência, não têm direito a tratamento médico gratuito ou foram à falência. A conduta é motivada pelas dificuldades orçamentárias provocadas pela crise da Grécia.

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Segundo estimativa da organização não governamental Médicos do Mundo, a situação é grave porque até 25% da população grega pode estar sem cobertura médica alguma.

O Estado grego só arca com as despesas médicas das pessoas que estão empregadas e fazendo contribuições regulares à Previdência. Já os desempregados só têm direito ao benefício se estiverem em dia com todos os pagamentos de impostos ao governo.

Em um cenário onde a crise financeira já elevou a taxa de desemprego para 21% e a política de austeridade fiscal tem levado à criação de novos impostos quase que mensalmente, cada vez mais gregos perdem o direito ao atendimento médico não emergencial.

"Se você levar em consideração todas as pessoas que passaram para abaixo da linha de pobreza, todos os que devem algum imposto para o fisco, mesmo que seja uma multa de trânsito, todos aqueles desempregados por mais de um ano e todos os que deixaram de pagar seus seguros de saúde recentemente, não me surpreenderia que estamos falando de cerca de um quarto da população", afirmou Nikitas Kanakis, diretor da operação na Grécia dos Médicos do Mundo.
Drama

Após dar à luz numa maternidade de Atenas, Anna (que preferiu não se identificar pelo nome verdadeiro), disse que não tinha os 1.200 euros para pagar pela cesariana e em resposta recebeu a ameaça de que o hospital ficaria em poder de seu bebê até que ela quitasse o valor total.

Ela vive em um barraco com chão de concreto e paredes que ameaçam desmoronar na cidade de Loutsa, no litoral, a cerca de uma hora de Atenas.

Todos os que moram em sua casa, incluindo seu marido, pai e irmão, dependem dos míseros rendimentos obtidos por sua mãe, que faz faxinas.

A família, que até a eclosão da crise estava empregada, diz que usou todas as economias. Já estão devendo aluguel e receberam um ultimato para deixar o imóvel até o fim do mês.

Anna afirmou que também não sabe como vai pagar pelas vacinas de seu filho.

"O hospital nos pediu muito dinheiro e o responsável pela administração nos disse que teríamos que pagar o valor integral ou eles não deixariam o bebê voltar para casa comigo", disse.



A médica Katerina Stypsanelli ajudou Anna a negociar com o hospital e levar seu bebê para casa

"Você não teria medo? Você acaba de dar à luz e eles querem ficar com a sua criança se você não conseguir pagar a conta? Será que essas pessoas não têm filhos?"

Anna disse que já tinha recebido ameaças semelhantes quando teve seu primeiro filho, há quase dois anos, mas na época ainda conseguiu providenciar o dinheiro.

Desta vez só pôde solucionar o impasse com a ajuda da médica Katerina Stypsanelli, que convenceu a direção do hospital a deixá-la levar a criança e pagar a conta em parcelas.

O diretor do hospital, Nikos Faldamis, negou ter sido avisado a respeito do caso e disse que sua equipe jamais ameaçou reter o bebê de Anna. Afirmou que a opção de pagar as despesas em parcelas foi oferecida desde o início.
Cenário alarmante

Imersa em uma de suas piores crises, a Grécia cortou seu orçamento para a saúde em 13% nos últimos dois anos e instruiu hospitais a apertarem dramaticamente seus gastos.

Ao mesmo tempo, hospitais e clínicas públicas registraram um aumento de 30% na demanda, conforme a classe média grega cada vez mais deixa de pagar por seguros de saúde particulares.

A médica Katerina Stypsanelli diz que, anos atrás, gerentes e diretores de hospitais não insistiam para que os pacientes mais pobres pagassem pelo atendimento médico. Mas, no cenário atual, a prática foi alterada e as regras passaram a ser seguidas de forma rigorosa.

"Não é culpa dos hospitais, é a política do governo e o enxugamento do orçamento que está levando o setor a isso", disse.
Crise

O economista especializado em saúde pública Lycurgus Liaropoulos, que aconselhou o governo grego em seus cortes e remanejamento de orçamento no setor, disse que os hospitais estão de fato sob pressão, porque precisam prestar contas.



Hospitais gregos passaram a reforçar regras de pagamento em meio ao agravamento da crise

"Não é um sistema particular à Grécia, é exatamente a mesma coisa que acontece em ao menos metade dos países europeus. Se você não está coberto, você está em apuros".

Litza Amanatidou, congressista que pertence à coalizão de esquerda Syriza, contrária aos cortes exigidos pelos credores europeus em troca da ajuda financeira, critica a situação.

Para ela o governo deveria ignorar as exigências. Segundo seu partido, casos como o de Anna são motivos suficientes para cancelar o pacote de ajuda europeu.

Tal medida, no entanto, levaria à potencial saída do país da zona do euro, cenário que também não garante melhores condições para os que amargam os piores efeitos da crise na sociedade grega.
 
Fonte: BBC

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