Um juiz paulista postulou a antecipação de parte do seu crédito junto
ao Tribunal de Justiça para cobrir despesas médicas e correlatas diante
de delicada e cara cirurgia a que se submeteria seu pai.
O referido magistrado, que recebia em módicas parcelas um
crédito reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal, solicitou, dada a
emergência e a necessidade de tratar o genitor pela forma recomendada
pelos médicos, o adiantamento da quantia de R$ 40 mil.
O pedido de antecipação dos créditos foi instruído com contratos que
especificavam detalhadamente as despesas para não deixar dúvida sobre a
destinação e o valor de todas elas.
Uma Comissão de Desembargadores foi formada para analisar o pedido do juiz, pertencente a quadros de instância inferior.
A comissão indeferiu o pedido. Mas o juiz acabou por descobrir que
essa Comissão de Desembargadores, em causa própria e sem motivação (os
seus genitores não têm câncer para uma cirurgia de emergência), deferiu o
levantamento total e substancial dos créditos de seus próprios membros.
De uma vez só.
O centenário de nascimento do saudoso e genial Nelson Rodrigues
ocorre em agosto próximo. A propósito de Nelson Rodrigues, conta-se que
ele teria feito uma gozação com Otto Lara Rezende ao lhe atribuir um
dito: “Mineiro só é solidário no câncer”.
Pelo episódio relatado do indeferimento, podemos dizer que alguns
desembargadores não são solidários nem no câncer. Mais ainda, deram um
toque canalha às suas togas, ou melhor, vestes talares, pois compridas
até o talo.
Pano rápido. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ),
cuja eminente corregedora é a ministra Eliana Calmon, ainda não foi
informado do acontecido.
Sobre esse caso que batizei de Togas Canalhas, a revista CartaCapital,
que chega às bancas nesta sexta-feira (3), dá os detalhes e os nomes
que o atual corregedor-geral, desembargador Renato Nalini, não quer
declinar.
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