Caos na Grécia, bunga bunga na Itália, impasse nos Estados Unidos, nazistas na Finlândia — a política voltou a assustar os investidores, e isso não vai parar tão cedo
Lapônia, na Finlândia: a ascensão de um obscuro partido de extrema direita pode colocar em xeque o futuro da zona do euro
Fosse o mundo como era até outro dia, a ascensão do partido de extrema direita Verdadeiros Finlandeses seria um problema, em suma, dos finlandeses. Não é à toa que suas bandeiras são tidas como neonazistas. Para essa turma, as jovens deveriam passar menos tempo estudando e trabalhando e mais tempo dando à luz crianças “puramente” finlandesas.
Mas, como vivemos tempos únicos, a ascensão do Verdadeiros Finlandeses é um problema para qualquer um. Sua principal tese no campo econômico é a saída da Finlândia da zona do euro. E a defesa dessa bandeira ajudou a levar o partido a dominar um quarto do Parlamento.
Ainda que a economia finlandesa seja uma das menores da região, a possibilidade de que países comecem a deixar o bloco e abandonem os esforços de resgatar membros insolventes amplia os temores de que o caos na Europa poderá levar ainda mais tempo para ser resolvido.
O Verdadeiros Finlandeses deixou de ser apenas uma pedra no sapato de feministas e de imigrantes e virou uma das maiores preocupações dos investidores. Bancos e corretoras passaram a incluir descrições do partido em seus relatórios de investimento e gestores de recursos acompanham o que seus líderes fazem antes de decidir em que aplicar.
A Finlândia terá eleições presidenciais em 2012 — e o fato de um grupo de doidivanas causar arrepios é uma demonstração cabal de que o risco político é, hoje, a maior fonte de dor de cabeça de quem investe, da Alemanha ao Brasil.
Caos na Grécia, o bunga bunga italiano, a falta de diálogo entre republicanos e democratas nos Estados Unidos: tudo isso é motivo para oscilações alucinantes nos preços de ativos. E a má notícia é que esse vaivém não vai acabar tão cedo. Um estudo do banco JPMorgan Chase mostra que metade do PIB mundial vai mudar de mãos nos próximos 12 meses.
Para o banco, alguns dos maiores riscos se concentram em eleições de países desenvolvidos — Espanha, Estados Unidos, França e a já citada Finlândia. “O processo de austeridade fiscal nas nações ricas e os altos índices de desemprego persistirão por pelo menos três anos. Nesse período, a política deverá continuar guiando o comportamento dos mercados”, diz Rebecca Patterson, autora do estudo.
Fonte: Rev. EXAME
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