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quarta-feira, 11 de abril de 2012

Delegados lançam suspeitas sobre cúpula da SSP

Agentes divulgaram informações sobre suposto caso de desvio de peças em pátio da secretaria


Delegados lançam suspeitas sobre cúpula da SSP Daniel Conzi/Agencia RBS
Delegados suspeitam de fraude em uma licitação de compra de sucata vencida pela multinacional Gerdau Foto: Daniel Conzi / Agencia RBS

Em reação ao ato de exoneração do delegado Cláudio Monteiro do comando da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), em Florianópolis, colegas delegados divulgaram nesta terça-feira detalhes de uma investigação que dizem atingir integrantes da cúpula da secretaria de Segurança Pública (SSP) no Estado. As suspeitas tentam relacionar autoridades públicas com o desvio de peças do complexo administrativo da própria SSP, em São José, na Grande Florianópolis.

Os delegados dizem que o vazamento das informações agora não está associada a uma tentativa, por exemplo, de explicar a saída do delegado Monteiro da chefia da Deic. Mesmo assim, acusaram autoridades que ocupam cargos de chefia na segurança de supostamente terem dado aval à saída irregular de alguns motores de caminhões que estavam apreendidos no depósito da SSP. Os motores foram parar num ferro-velho em Joinville, onde seriam comercializados com valor bem superior ao que foram pagos numa licitação de sucata.

As denúncias foram apresentadas numa entrevista coletiva à tarde, na Deic, pelos delegados Renato Hendges, presidente da Associação dos Delegados de Polícia, Rodrigo Green, da divisão de defraudações, e Alexandre Carvalho de Oliveira, da divisão de furtos e roubos de veículos.

Os três delegados da Deic afirmam que, no final do ano passado, a diretoria foi procurada pelo gerente do complexo da SSP, Jorge Kloppel, que denunciou retirada irregular de peças do lugar. As suspeitas, avaliam, teriam configurado fraude em uma licitação de compra de sucata SSP/Detran/SC vencida pela multinacional Gerdau.

Os delegados disseram que a saída das carretas com as peças teriam sido autorizadas pelo presidente da comissão de leilões do Detran, tenente-coronel José Theodósio de Sousa Junior. Eles questionam ainda atos do secretário adjunto, coronel Fernando de Menezes no caso, como um termo de depósito de peças que foram enviadas à empresa G-Truck, de Joinville, no dia 30 de dezembro do ano passado.

— Isso é usurpação de função pública. Termo de depósito só pode ser feito pelo delegado de polícia ou juiz — acusou o delegado Renato.

A quantidade de sucata em questão seria de 18 mil quilos, que chegariam a um total de R$ 3,5 mil. Mas, na avaliação dos delegados, a perícia apurou que se as peças fossem revendidas teriam valor de mercado bem maior, alcançando R$ 100 mil. O problema, ressaltam, é que entre as peças havia motores roubados, que não podem ser colocados em comercialização.

A Deic juntou fotos da separação de peças no complexo sendo colocadas em carretas pela empresa G-Truck, de Joinville, contratada pela Gerdau para o transporte. A investigação do suposto desvio não está concluída. Os delegados afirmam que faltam ser ouvidos o secretário da SSP, César Grubba, e o secretário-adjunto, Fernando de Menezes. Eles foram intimados na semana passada, antes da exoneração do delegado Monteiro ser concretizada.


O caso do ferro-velho
Outubro de 2011A Secretaria de Segurança Pública (SSP) assina contrato com a Gerdau, vencedora da licitação, para recolhimento de sucata no complexo administrativo da SSP, em São José. O Estado receberia R$ 1,7 milhão com a venda do material ferroso e reciclável.

28 de dezembro de 2011Após denúncia, a Deic rastreia uma carreta que sai do complexo da SSP levando o suposto material e a localiza em um ferro-velho, em Joinville. Entre o material do lote vendido para destruição havia motores, suspensões e outras peças que a Deic suspeita que seriam revendidos e não triturados.

A Deic abre inquérito policial para investigar o suposto desvio irregular das peças. Em nota, a SSP admite que, durante o carregamento, alguma peça não liberada para o transporte de ferroso foi colocada inadvertidamente na carreta e promete apurar a irregularidade.


Dúvidas lançadas por promotores
Num e-mail enviado ao delegado Rodrigo Green, os promotores Júlio César Mafra e Marcelo Brito de Araújo, que foram à Deic um dia após a ação no ferro-velho a pedido do procurador-geral de Justiça, expressam preocupação com o caso em análise preliminar.

Gerente do pátio avisou secretário-adjunto
Em depoimento à Deic, o gerente do complexo, Jorge Luiz Kloppel, disse ter comunicado, em 13 de dezembro, por e-mail, o secretário adjunto Fernando de Menezes sobre a suspeita de carregamento de peças que não deveriam ser transportadas.


ENTREVISTA: Delegado Rodrigo Green, da Deic

O delegado Rodrigo Green atua no inquérito do desvio das peças e falou ao DC sobre a investigação ontem à tarde, na Deic.

Diário Catarinense: O senhor sofreu alguma pressão da cúpula da segurança para não atuar nessa ação no ferro-velho em Joinville?
Green: Na verdade, recebi ligações solicitando explicações, querendo informações sobre o que estava ocorrendo. Mas o trabalho foi feito, instaurado inquérito policial e foi feita a apreensão.

DC: De quem o senhor recebeu a ligação?
Green: Eu fiz uma ligação na oportunidade ao coronel Fernando (de Menezes, secretário-adjunto da SSP) perguntando esclarecimentos a respeito desse processo. Ele me informou que isso estava tudo legal e que tinha sido acompanhado pelo Judiciário e Ministério Público.

DC: Há menção sobre uma declaração em viva-voz por uma autoridade. De que se trata?
Green: No dia seguinte, tivemos reunião com o secretario-adjunto e coronel Fernando, que chegou a ventilar que esses motores (encontrados no ferro-velho) teriam sido plantados no local. Foram chamados dois promotores para acompanhar a reunião. Eles tiveram acesso aos documentos e concordaram que as peças deveriam ser trituradas e não comercializadas. Durante a conversa, em viva-voz, o secretário-adjunto afirmou aos promotores que era uma questão dos delegados de polícia para derrubar o secretário, que é fato completamente improcedente.

DC: Na apuração até agora, ficou constatado envolvimento de autoridade?
Green: Houve aval do presidente da comissão de leilões na saída desse caminhão. Essa participação está bastante clara pelos depoimentos e pelas provas que foram colhidas.

Fonte: DC

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