O empresário Rossine Guimarães, que tem uma empreiteira e uma empresa de segurança privada em sociedade com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, foi um dos principais doadores para a campanha de Marcono Perillo
Reportagem do jornal O Popular, o mais influente de Goiás, publicada
nesta terça-feira, revela que o empresário Rossine Guimarães, sócio de
Carlos Cachoeira, fez doações de R$ 4,3 milhões nas eleições de 2010.
Deste total, R$ 800 mil foram direcionados ao comitê do PSDB em Goiás e
tiveram como principal destino a campanha ao governo de Marconi Perillo.
As informações constam do inquérito da Polícia Federal sobre a Operação
Monte Carlo. Leia, abaixo, a reportagem do Popular:
Sócio de Cachoeira doou R$ 4,3 milhões nas eleições de 2010
Investigações mostram que Rossine Guimarães deu R$ 800 mil para o comitê financeiro do PSDB de Goiás
Alfredo Mergulhão e Márcio Leijoto
Apontado nas investigações da Operação Monte Carlo como uma espécie
de sócio de Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o
empresário Rossine Aires Guimarães doou R$ 4,3 milhões nas eleições de
2010. A informação consta no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O nome de Rossine é o único dos citados no processo diretamente
envolvido com Cachoeira que também aparece como doador de campanha. Do
total doado, R$ 800 mil foram para o comitê financeiro da campanha do
PSDB em Goiás. O restante foi para os comitês do PSDB, DEM e PMDB no
Tocantins.
A Construtora Rio Tocantins (CRT), da qual Rossine é sócio
majoritário com 82% das ações, também aparece como doadora de R$ 712 mil
para o comitê financeiro do PMDB no Tocantins e para as campanhas de um
senador e um deputado federal do PMDB tocantinense (veja quadro).
A primeira doação registrada para o PSDB goiano – no valor de R$ 500
mil – data de 26 de outubro de 2010, antes do segundo turno, disputado
entre o atual governador Marconi Perillo (PSDB) e o candidato derrotado
Iris Rezende (PMDB). O restante foi creditado na conta corrente do
partido em 17 de novembro do mesmo ano, já como doação extemporânea.
No Tocantins, as doações ocorreram nas eleições disputadas pelo atual
governador Siqueira Campos (PSDB) e por Carlos Gaguim (PMDB), que
buscava a reeleição. Rossine é sócio de Gaguim na BPR Empreendimentos
Imobiliários, empresa criada em abril de 2010.
Sociedade
Rossine também é sócio majoritário da Ideal Segurança, comprada pelo
delegado da Polícia Federal Deuselino Valadares, um dos denunciados pelo
Ministério Público Federal (MPF) por envolvimento com Carlinhos
Cachoeira.
No inquérito da Operação Monte Carlo, consta que a Ideal é uma
sociedade de Rossine com Deuselino, Cachoeira, e o atualmente ex-diretor
da regional Centro-Oeste da Delta Construções, Cláudio Abreu.
Rossine é dono de 60% da Ideal Segurança. Segundo o inquérito
realizado pelo MPF e pela PF, a empresa seria usada para lavagem de
dinheiro da máfia dos caça-níqueis. O empresário assumiu a maioria
acionária da Ideal no ano passado. Mas em um telefonema interceptado
pela PF em maio de 2011, Gleyb Ferreira da Cruz, apontado como
braço-direito para assuntos financeiros da quadrilha, revela que
Rossine, Cláudio e Cachoeira possuem – cada um – 20% de participação na
empresa (veja quadro). Os outros 40% estão em nome de Edson Coelho dos
Santos, suposto laranja de Deuselino.
Influências
A CRT também é citada várias vezes nas conversas telefônicas
interceptadas pela Polícia Federal. De acordo com as investigações,
Cachoeira teria forte influência na construtora, não apenas interferindo
nos negócios da empresa como também usando o nome dela para negociar
licitações favoráveis à Delta.
Em uma conversa datada de 14 de junho do ano passado, apontado como
braço-direito para assuntos financeiros da quadrilha, Gleyb Ferreira da
Cruz, pergunta a Cachoeira se deve fechar um negócio pela Delta ou pela
CRT. O empresário responde que é pela construtora de Rossine.
Em outra conversa interceptada pela PF, em 22 de junho, Cachoeira
explica à Cláudio Abreu o papel da CRT nas licitações que interessam ao
grupo: “Agora a gente vê se fecha com a CRT, podemos usar a CRT na
conversa aí. Depois vamos fazer o contrato, com outra empresa, com a
Delta. Põe a Delta na frente de tudo e a gente tem um contrato de
gaveta, entendeu?”
Num dos relatórios elaborados pela PF como parte das investigações,
Rossine é descrito como um financiador de campanhas políticas que possui
diversos contratos com a administração pública. Ele já teria sido
denunciado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(Gaeco) do Ministério Público Estadual de Campinas (SP), por
envolvimento em fraudes nas empresas imobiliárias que possui.
Na semana passada, o presidente da Agência Goiana de Transportes e
Obras (Agetop), Jayme Rincon, admitiu com exclusividade ao POPULAR, ter
recebido Rossine acompanhado de Cachoeira no seu gabinete, em audiência
realizada no mês de fevereiro deste ano.
Doação legal
Responsável pela arrecadação na última campanha tucana ao governo
estadual, Rincon afirmou que a doação foi feita legalmente e está
contabilizada no TSE. “Se Carlinhos Cachoeira doou por meio de
terceiros, não tínhamos conhecimento”, disse. “A relação dele (Rossine)
com Cachoeira é uma outra questão.”
O presidente da Agetop reafirmou que só esteve com Rossine uma vez,
quando recebeu o empresário a pedido do ex-presidente da Câmara de
Goiânia, Wladmir Garcêz (PSDB), também preso na Operação Monte Carlo.
Fonte: PRAGMATISMO POLÍTICO
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