Parques eólicos offshore são a mais nova tecnologia em energia eólica na Europa
Para Dom Quixote,
os moinhos de vento eram criaturas ameaçadoras, cheias de braços e nas
quais não de podia confiar. Do século 17 para cá, a imagem dos
cata-ventos melhorou muito, e hoje, mais do que moer farinha, eles
fornecem quantidades generosas de energia limpa. Segundo dados do
Relatório Mundial de Energia Eólica, o vento gerou cerca de 340
terawatts-hora de energia no mundo em 2009, o suficiente para abastecer a
Itália durante um ano.
A maioria das turbinas
eólicas sempre se concentrou na Europa, onde desde cedo houve
tecnologia e vontade política para investir em tecnologias limpas. Mas o
potencial está se esvaindo. Atualmente, apenas 27% dos novos
cata-ventos foram instalados na Europa, deixando o continente em
terceiro lugar no ranking de energia eólica.
O crescimento mais
acelerado é verificado na Ásia. O continente assumiu a dianteira na
produção eólica mundial e em 2009 foi responsável por 40% de todos os
novos cata-ventos instalados. A maioria deles está na China, onde o
número de turbinas duplicou pelo quarto ano consecutivo. "O governo
reconheceu que a energia eólica é barata, renovável e limpa", explica
Stefan Gsänger, secretário-geral da Associação Mundial de Energia Eólica
(WWEA). Além disso, a tecnologia pode ser facilmente exportada. Hoje a
China está entre os cinco maiores fabricantes de turbinas eólicas do
mundo.
Além de grandes
parques eólicos, na Ásia também são instalados microparques eólicos,
especialmente em zonas rurais sem acesso à rede elétrica. Pequenos
cata-ventos com geração de até 2KWh custam de 800 a mil euros e podem
abastecer um vilarejo inteiro. Já existem cerca de 400 mil
microssistemas como esse. E como na China muitos milhões de pessoas
ainda vivem sem energia, esse número pode aumentar para mais de um
milhão em um futuro próximo, estima a WWEA.
Concorrência "verde"
Na América do Sul, a
utilização de energia eólica se desenvolve mais lentamente. "Isso
acontece, entre outros motivos, porque a América Latina tem grande parte
de sua matriz abastecida por energia hidroelétrica, e assim dispõe
também de energia comparavelmente limpa", explica Trudy Könemund, da
Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ) no Chile. Apenas 2% das
novas instalações eólicas são construídas na América Latina.
Para Ralf Heidenreich,
porta-voz da desenvolvedora de projetos Juwi, os problemas estão
principalmente na implantação. Embora haja potencial, "as condições para
construir novas usinas ainda precisam melhorar um pouco". A opinião é
compartilhada por Stefan Gsänger. Muitos projetos no passado teriam sido
adiados por causa de corrupção e porque o setor energético tradicional
trabalharia contra os projetos de energia renovável. Mesmo assim,
existem cada vez mais usinas eólicas na América Latina, 44 delas no
Brasil. O México quintuplicou o número de turbinas em 2009. O Chile está
em terceiro lugar, com seis usinas já construídas e outras 20 em
planejamento.
Energia eólica para a África
No continente africano
quase não há turbinas eólicas. A taxa de crescimento nos últimos anos é
insignificante. O principal motivo é a falta de infra-estrutura,
explica Ralf Heidenreich. "A energia precisa ser canalizada de alguma
forma". Esse problema pode abrir caminho para os pequenos cata-ventos,
como os que existem na Ásia, espera Stefan Gsänger da WWEA. Além disso, o
continente africano sofre com a falta de tecnologia e, principalmente,
recursos.
Egito e Marrocos são
os principais produtores de energia eólica no continente. No Egito já
existem empresas que fabricam componentes para turbinas. "É importante
desenvolver uma cadeia produtiva no próprio país", explica Gsänger.
"Assim as usinas eólicas podem ter uma vantagem em relação ao petróleo".
De acordo com a WWEA, a
potência gerada pelas usinas eólicas no mundo duplica a cada três anos.
Um desenvolvimento que com certeza deixaria Dom Quixote de cabelo em
pé. Mas no mundo real do século 21, esse é o caminho para um mundo sem
combustíveis fósseis.
Autora: Janine Rabe (ff)
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: DEUTSCHE WELLE
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