Líderes entraram em acordo para votar proposta nesta quarta.
Governo teme que seja aprovado relatório que faz concessão a ruralistas.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), em
sessão que adiou votação do Código Florestal
(Foto: J.Batista/Agência Câmara)
Sem acordo para que se iniciasse na noite desta terça (24), a Câmara
adiou para esta quarta (25) a votação do projeto que modifica o Código
Florestal.
Os líderes partidários concordaram com proposta do presidente da Casa,
Marco Maia (PT-RS), para matéria fosse votada nesta quarta (25) sem
apresentação de requerimentos de retirada de pauta.
Pela proposta, a leitura do relatório do deputado Paulo Piau (PMDB-MG)
será feita às 11h, em sessão extraordinária. Depois, se iniciarão os
debates e, em seguida, a votação.
O líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), defendeu o adiamento da
votação, para que o governo tentasse um entendimento em torno do texto.
Para forçar o adiamento da votação, o PT tentou aprovar requerimentos
que propunham a retirada de pauta da matéria. Os pedidos, no entanto,
foram derrubados pela maioria dos deputados, principalmente do PMDB e da
bancada ruralista. O PT, então, anunciou que iria obstruir, usando
instrumentos regimentais para adiar ao máximo a votação. Diante disso,
Maia propôs votar o projeto do Código Florestal na manhã de quarta.
Questionado, Tatto admitiu possibilidade de derrota do governo na
votação, se ocorresse na noite desta terça. "Eles têm maioria. Neste
momento, não tem como aprovarmos nossa posição", disse o líder.
No plenário da Câmara, Tatto fez um apelo para que a proposta fosse
votada nesta quarta. “O PT faz um apelo. Vamos votar amanhã, com muita
tranqüilidade. Chegamos cedo, cada um registra presença e vota o
projeto”, pediu.
Após o encerramento da sessão da noite desta terça, Marco Maia admitiu
que os partidos estão "muito longe" de um acordo. "Nós estamos muito
longe da construção de um acordo para viabilizar uma votação mais
tranquila amanhã, mas isso não significa que não chegaremos a um acordo.
O fato de termos adiado a votação pode permitir que se construa esse
entendimento, esse acordo", disse.
Posições
O governo e o PT discordam do texto final
apresentado pelo deputado Paulo Piau (PMDB-MG), que eliminou do projeto
regras fixas para a recomposição de Áreas de Preservação Permanente
(APPs) desmatadas em beiras de rio.
O governo quer que a nova lei mantenha regras aprovadas no Senado, que
exige dos produtores recompor matas ciliares, numa faixa que varia de 15
metros a 100 metros ao longo das margens, dependendo da largura do rio.
Ao defender o adiamento da votação, Tatto pediu aos deputados que
derrubem o texto de Piau. “O relatório do deputado Paulo Piau trilha um
caminho que não faz bem para o país”, afirmou.
Mais cedo, Piau admitiu que poderá alterar o parecer caso seja
produzido um acordo entre os líderes partidários. O texto finalizado por
ele diz que a recomposição dependerá de novo projeto de lei ou medida
provisória, e incluiria a participação dos estados.
O relator, no entanto, condicionou a mudança a um compromisso dos
líderes partidários em elaborar um novo projeto de lei que flexibilize
esses percentuais, para proteger os pequenos produtores.
"Você pode deixar as faixas e numa medida posterior ajustar as faixas
Posso recuar dentro de um acordo que beneficie a proteção ambiental e
proteja, sobretudo, os pequenos agricultores", disse.
Também nesta terça, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS),
contestou o relatório usando um argumento regimental. Segundo Maia, a
alteração não poderia ter sido feita porque o mesmo artigo foi aprovado
pelo Senado e também pela Câmara, na primeira votação da matéria, em
maio de 2011.
Maia disse que se Piau não voltar atrás na exclusão do artigo 62, ele
mesmo [Maia] terá que tomar uma decisão a respeito, resgatando a redação
do Senado ou da Câmara.
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