Diferença entre taxas mínimas e máximas faz financiamento ficar quase 100% mais caro
RIO — Apesar da redução de juros anunciada pelos bancos públicos e privados,
o cliente que não obtiver a taxa mais vantajosa oferecida pela instituição ainda
pagará caro para tomar crédito. É o que mostra uma simulação feita, a pedido do
GLOBO, pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), tomando
como base as taxas mínimas e máximas divulgadas, em várias modalidades de
empréstimos, como Crédito Direto ao Consumidor (CDC) e financiamento de
veículos. As diferenças são impressionantes. Quem comprar um carro no valor à
vista de R$ 60 mil, em 48 parcelas, por exemplo, pagando juro 4,23% ao mês (a
taxa máxima oferecida pelo Bradesco), desembolsará R$ 141.144,20 pelo bem. O
mesmo carro sai por R$ 75.333,39, se o cliente obtiver a taxa mínima do próprio
banco, de 0,97%. A diferença é de mais de R$ 65 mil no preço final, ou 87% a
mais.
Na comparação entre diferentes instituições, a diferença também chama
atenção. Os juros de um financiamento de R$ 5 mil pelo CDC, com 36 meses, variam
de 1,04% (Santander) e 1,6% (Banco do Brasil) a 2,48% (HSBC) e 2,97% ao mês
(Bradesco), considerando apenas as taxas mínimas. No primeiro caso, a operação
vai custar R$ 6.019 ao correntista, contra R$ 8.207 se fechar com a taxa mais
elevada — uma economia de R$ 2.188.
Segundo o vice-presidente da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, para
justificar tanta diferença entre a taxa mínima e a máxima, os bancos alegam que
precisam avaliar o comprometimento da renda do cliente, que indica o potencial
de inadimplência, o histórico com a instituição, e o próprio produto oferecido.
Num empréstimo consignado, por exemplo, o risco para o banco de levar um calote
é muito menor que no rotativo do cartão. Isso porque a parcela do empréstimo é
descontada diretamente na conta do cliente.
— Na prática, se quiser obter uma taxa de juro mais vantajosa, o cliente terá
que fazer esses cálculos com as taxas oferecidas por seu banco e as de outras
instituições e depois negociar com seu gerente. Ou seja, terá que provocar esse
movimento — diz Oliveira.
No caso do cheque especial, se utilizar R$ 1.000 por 30 dias no HSBC, o
cliente com a melhor taxa oferecida pelo banco (2,27% ao mês) vai desembolsar R$
22,70 no período. O cliente que usa o mesmo valor, também por um mês, mas paga a
taxa de juro máxima de 14,69%, terá um gasto de R$ 146,90 só em juros pelo
empréstimo.
Ontem, um dia após o anúncio da redução de taxas feita pelos grandes bancos
privados de varejo, clientes do Itaú Unibanco e do Bradesco não conseguiam saber
que benefícios poderão obter. No caso do Itaú Unibanco, quem entrou em contato
com as agências descobriu que a adoção das novas taxas era desconhecida dos
gerentes.
— É algo que passou na televisão? — perguntou, surpresa, uma gerente.
Informados das medidas, todos diziam não ter recebido qualquer orientação
sobre a aplicação da redução. Mesmo assim, um dos gerentes afirmou que
dificilmente um cliente "comum" será beneficiado com as taxas mínimas
anunciadas, como a do cheque especial, de 1,95%.
— Essa é uma tarifa que nem os funcionários (do banco) conseguem. Certamente,
só o (cliente) private é que vai ter tarifa tão pequena — disse o gerente de uma
agência na Zona Sul de São Paulo.
Mantega: estamos no caminho certo
Como as novas taxas dos pacotes anunciados quarta-feira só começam a valer na
segunda-feira, Bradesco e Itaú Unibanco garantem que até lá suas redes de
agências estarão preparadas. No Itaú Unibanco, os juros menores do cheque
especial, do CDC para a aquisição de bens e do cartão de crédito só entram em
vigor em 2 de maio.
Na quinta-feira, um dia após o anúncio de corte dos juros dos principais
bancos privados e da decisão do Banco Central de fazer mais a redução na taxa
básica (Selic), agora em 9% ao ano, o BB anunciou que reduziu mais o custo dos
empréstimos. A taxa mínima para o crédito consignado para aposentados passou de
0,85% para 0,79% ao mês. A de financiamento de veículos caiu de 0,99% ao mês
para 0,95% ao mês. E a do cheque especial passou de 1,97% ao mês para 1,38% ao
mês. E a Caixa anunciou que, a partir de segunda-feira, até 11 de maio, abrirá
uma hora mais cedo.
Em Washington, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o Brasil
está “no bom caminho” de ter juros mais baixos no sistema financeiro após a
decisão dos bancos privados de reduzirem o custo de seus empréstimos, a pedido
do governo. Segundo o ministro, as instituições estão, desta forma, “dando ao
povo brasileiro a oportunidade de consumir com taxas menores”.
— Nós estamos no bom caminho, com a reação positiva do setor financeiro a
esta demanda que foi feita pela redução dos spreads e aumento do crédito — disse
o ministro, após reunião do Brics no FMI.
O ministro disse ainda que, com a Selic a 9%, “não há necessidade de mudar a
regra da poupança”.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com
Um comentário:
Descoberta do jornal corrupto 'O Globo' impressiona: Num mesmo banco se a taxa de juros for maior que a menor você vai pagar mais. É de chorar!
Postado por APOSENTADO INVOCADO 1 às 16:49 0 comentários Links para esta postagem
Bradesco, Itau & catv agradecem...
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