Salafistas desejam propagar o Islã na Alemanha, Áustria e Suíça
Movimento muçulmano distribuirá 25 milhões de cópias do Alcorão
À primeira vista, parece um projeto inofensivo. Um
grupo muçulmano da Alemanha estabeleceu como objetivo a distribuição
gratuita de vinte e cinco milhões de exemplares do Alcorão. Segundo os
líderes do movimento, o livro sagrado do Islã chegará a “cada lar da
Alemanha, Áustria e Suíça”, conforme anuncia seu site.
O grupo, que se chama “A Verdadeira Religião”, segue os ensinamentos
do líder salafista Ibrahim Abou Nagie, e já teria distribuído nas
últimas semanas mais de 300.000 exemplares em “stands de informação”
espalhados pelos centros urbanos da Alemanha.
Mas o radicalismo do grupo tem muito a ver com a política, como
mostra um recente vídeo publicado no YouTube onde eles ameaçam
jornalistas que escreveram críticas sobre sua “ofensiva religiosa”. “Nós
agora temos informações detalhadas sobre os macacos e porcos que
publicaram notícias falsas sobre nosso grupo. Nós temos um monte de
informações, por exemplo, nós sabemos onde vocês moram, sabemos para que
time de futebol vocês torcem e temos os números de seus celulares”,
gritam eles em frente à câmera.
Ibrahim Nagie disse em sua defesa, que a distribuição do Alcorão é
para “livrar os alemães do inferno”. Em 2011, ele foi indiciado pela
polícia alemã por incitação pública à prática de infrações penais e por
perturbar a paz religiosa.
O Escritório Federal para a Proteção da Constituição da Alemanha,
agência de inteligência do país, estima que existam entre 3.000 e 5.000
muçulmanos salafistas na Alemanha. O Escritório adverte que a ideologia
salafista é quase idêntica à da rede terrorista Al Qaeda. Mais
preocupante, o grupo tem um número crescente de seguidores na Alemanha. A
iniciativa, segundo as autoridades de distribuição dos livros sagrados
foi financiada por milionários do petróleo do Bahrain e por muçulmanos
alemães.
Krings Gunter, um membro do partido da chanceler Angela Merkel da
União Democrática Cristã, disse que “dentro do possível, este tipo de
ação agressiva deve ser interrompida. Embora a distribuição de escritos
religiosos seja, livre … as ações agressivas dos salafistas radicais têm
perturbado a paz religiosa em nosso país. ”
Cem Özdemir vice-presidente do Partido Verde alemão também condenou a
ação dos salafistas. “Eu tenho um problema com todos os grupos
religiosos que colocam a sua visão de mundo acima da Constituição e dos
direitos humanos. Isso se aplica também aos salafistas que invocam a
violência e cuja ideologia alimenta o terrorismo islâmico”, disse ele.
O governo explica que a iniciativa é vista por alguns como uma
tentativa de recrutar jovens europeus para serem jihadistas, os
guerreiros sagrados muçulmanos, que praticam atentados suicidas.
Recentemente, o alemão U. Arid foi condenado à prisão perpétua por
filmar a morte de dois soldados americanos no aeroporto de Frankfurt em
2011. Ele teria ligações com o ramo do salafismo.
Traduzido e adaptado de Spiegel e BBC
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