Charreteiros pedem ajuda para comprar fraldões para os cavalos.
Moradores reclamam da sujeira; prefeitura promete capacitação.
Ubirajara Nascimento da Silva, o 'Bira', é charreteiro há 32 anos em Queimados (Foto: Daniel Fraiha/G1)
Alguns acordam antes de o sol nascer, outros passam as tardes no trabalho, mas todos os 60 charreteiros de Queimados,
na Baixada Fluminense, estão acostumados ao sacolejo diário do leva e
traz de passageiros, que pode acabar até o fim de 2012, se o prefeito
Max Lemos (PMDB) levar adiante o projeto de proibir o serviço de
transporte por charrete na cidade.
A prefeitura afirma que muitos moradores reclamam da sujeira causada
pelas charretes, além de haver denúncias de que menores de idade
estariam à frente de alguns dos veículos, como mostrou o jornal Extra.
Os charreteiros se defendem dizendo que proibiram o trabalho de menores
há três meses e acusam o prefeito de ter feito promessas de ajuda a
eles, mas não cumprir após a eleição.
“Ele falou que ia arrumar fraldão para os cavalos, todo mundo ajudou
ele, votou nele, e agora ele quer tirar a gente”, afirmou ao G1
nesta quarta-feira (18) o charreteiro Ubirajara Nascimento da Silva,
conhecido como “Bira”, que trabalha ali há 32 anos e colocou um pedaço
de lona atrás do animal para não deixar as fezes caírem na rua.
Alguns charreteiros colocam pedaços de lona atrás
dos cavalos para conter as fezes dos animais
(Foto: Daniel Fraiha/G1)
Apesar do trabalho sério de alguns como Bira, outras charretes não tinham o mesmo cuidado com a cidade. “A gente fala para os outros, mas não podemos obrigar. A prefeitura tinha que multar quem não usa a lona e não acabar com o nosso trabalho”, afirmou.
Prefeitura promete capacitação
O projeto da prefeitura envolve a capacitação dos charreteiros em
cursos técnicos, como de marceneiro, pedreiro e eletricista, entre
outros, para a reinserção dos trabalhadores em outros segmentos.
“Os charreteiros podem ficar despreocupados que essa ação só vai ser
colocada em prática quando houver a qualificação profissional deles e a
sua inserção no mercado de trabalho”, afirmou o prefeito.
De acordo com a prefeitura, vagas de emprego não vão faltar, pois o
distrito industrial de Queimados já conta com 14 empresas instaladas e
têm mais 17 em fase de implantação até o final do ano.
Transporte ineficiente
Dos cerca de 180 mil habitantes de Queimados, a prefeitura estima que
os bairros atendidos pelas charretes - Pedreira e Nova Cidade - tenham
no máximo 8 mil pessoas, mas não há um número oficial. Além do
transporte a cavalo, há kombis e mototáxis na região, mas os
charreteiros se defendem dizendo que de madrugada só eles estão à
disposição. Enquanto isso, outros moradores reclamam da falta de
regularidade do serviço.
“Se chove de madrugada, tem que vir a pé. As pessoas usam porque não tem alternativa”, afirmou o vendedor André Oliveira.
A prefeitura conta que há cerca de oito anos a linha de ônibus que
circulava no local parou de funcionar porque a empresa não achava que
valia a pena, em função da baixa procura.
Charretes fazem fila à espera de passageiros
(Foto: Daniel Fraiha/G1)
Os charreteiros contam que há pouco mais de um mês tentaram colocar uma linha ali de novo, mas o ônibus sempre passava vazio. “Custava R$ 2,50, enquanto a charrete e a Kombi custam R$ 1,50”, contou Bira.
A prefeitura de Queimados afirma que tem conversado com empresas de
ônibus para tentar uma solução, mas ainda não conseguiu convencê-las.
Uma alternativa, segundo a prefeitura, seria outra linha de Kombi no
local, mas os charreteiros afirmam que não vão aceitar deixar o
trabalho.
“Temos 51 anos de charrete aqui, é patrimônio histórico. Se proibirem,
nós vamos fazer uma passeata em Queimados, vamos atrás dos nossos
direitos”, afirmou o charreteiro José Gomes Botelho.
Fonte: G1
Um comentário:
Li essa reportagem e é muito importante que todos esses senhores sejam mesmo capacitados e possam ter uma atividade digna, porque fazer esses animaizinhos de escravos para poderem sobreviver é uma afronta....e os moradores só se preocupam com o mau cheiro,
Salvemos esses animaizinhos de tamanho sofrimento, que possam ser livres e que as pessoas também possam viver dignamente.
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