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terça-feira, 3 de maio de 2011

REVITALIZAÇÃO DE MANGUEZAIS

Mangues são revitalizados como barreiras naturais nas Filipinas

Os manguezais estão entre os mais importantes ecossistemas do planeta. Desmatados em larga escala nas últimas décadas, agora seu reflorestamento – como o feito nas Filipinas – protege o litoral e traz peixes de volta.

Regiões costeiras pertencem ao grupo das mais ricas biosferas do planeta e também ao das mais vulneráveis – como demonstrou o tsunami de 2004. As alterações climáticas ocasionam o aumento do nível do mar e desastres naturais, como tufões, por exemplo.

O litoral e seus habitantes podem vir a ser os mais afetados pelas mudanças do clima. O risco é maior justamente nas áreas onde houve o desmatamento das florestas costeiras, que antes funcionavam como uma barreira natural para conter a maré.

Milhares de quilômetros de costa para proteger

As Filipinas são formadas por 7.107 ilhas com 36.289 quilômetros de costa. Não é de se espantar, portanto, que a preocupação com as mudanças climáticas seja grande no país. Em Negros, a quarta maior ilha do arquipélago, 70% das áreas de mangue foram destruídas nas últimas décadas.

Após as inundações em fevereiro de 2009, as temperaturas constantemente altas e o nível crescente do mar, mudou no país o comportamento em relação a questões ambientais.

"Estes são sinais claros de que precisamos nos preocupar com a preservação ambiental", afirmou o governador Emilio Macias em uma conferência climática convocada por pescadores, agricultores, ambientalistas e voluntários de ajuda ao desenvolvimento em 2009. "Não é por nossa causa, mas por nossos filhos, netos e todas as gerações seguintes." A partir daí, foram estabelecidos planos para reflorestar Negros.

Os manguezais são constituídos por árvores e arbustos que crescem em água salgada. Isto inclui 20 espécies de árvores adaptadas às condições extremas de regiões de água salgada e desembocaduras de rios salobras. Essa vegetação cresce entre os 30º de latitude ao norte e ao sul do Equador, mas também no Japão, nas Bermudas, na Austrália e na Nova Zelândia. Sua densa rede de raízes funciona como um cinturão natural de proteção contra tempestades, ondas, inundações e erosão. No tsunami de 2004, observou-se que a destruição foi menor em regiões onde os manguezais estavam intactos.

Camarões e dióxido de carbono

Os manguezais desempenham um papel importante na redução dos gases estufa. Um hectare de mangue é capaz de absorver uma tonelada e meia de dióxido de carbono ao ano. Além disso, os sedimentos retidos nas raízes armazenam 700 toneladas de gás carbônico por ano. Além disso, os manguezais intactos são habitat natural de peixes, moluscos, crustáceos e muitas outras espécies.

Assim como os recifes de corais e as florestas tropicais, os manguezais são considerados um dos ecossistemas mais produtivos da Terra – e também um dos mais ameaçados. Eles desaparecem duas vezes mais rapidamente do que as florestas tropicais, principalmente por causa do espaço necessário para as fazendas de camarão. A drenagem para transformar os manguezais em área cultivável também agravou a situação.

"A destruição é muito rápida", afirma o biólogo marinho Onno Gross. Ele mantém o projeto Mangreen, que promove, entre outros, o reflorestamento de manguezais no sul da Índia. "Metade das áreas de manguezal foi devastada nas últimas décadas", afirma Gross.

As consequências são devastadores não apenas para a proteção da costa. Muitos peixes importantes economicamente deixaram de se reproduzir nas áreas onde a vegetação natural do mangue foi derrubada, diminuindo os rendimentos da pesca costeira.

Mudança de atitude

Devido a sua importância econômica e ecológica, os manguezais vêm sendo reflorestados, com maior ou menor intensidade, em diversas regiões: Indonésia, Tailândia, Índia, Vietnã, Brasil, Barbados e Filipinas. A União Europeia e a ONU fomentam projetos de reflorestamento com milhões de euros.

Nas Filipinas, a Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ, do alemão) realiza um projeto de preservação e conscientização. O biólogo marinho Gross vê a iniciativa como um possível começo de uma mudança de atitude: "Não nos iludamos. Não se trata de plantar meia dúzia de árvores. Em muitos locais, é preciso construir uma sociedade civil eficiente para a preservação ambiental".

Até que isso se concretize, os ativistas ambientais dão um conselho para que os mangues sejam preservados: "Menos camarões, mais consciência". Este é o nome da campanha lançada pela organização ambiental Mangrove Action Project.

Autor: Oliver Samson (lpf)

Revisão: Roselaine Wandscheer

Fonte: DEUTSCHE WELLE

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