Gabriel Bonis
Yoani Sánchez
07.03.2012 17:15
O jornalista francês Salim Lamrani,
palestrante na Universidade de Sorbonne (França) e especialista em
relações entre Cuba e EUA, levantou suspeitas sobre a ascensão meteórica
da blogueira Yoani Sánchez como a “voz” da dissidência ao regime
socialista de Cuba.
Em um artigo para o jornal online mexicano La Jornada, ele acusa
a ativista política de fraudar sua influência no Twitter, se
alinhar à diplomacia norte-americana na ilha caribenha e tirar proveito
de sua exposição internacional, que lhe rendeu milhares de dólares em
premiações.
Em 2007, Sánchez criou o blog Generación Y, no qual
faz forte oposição ao regime dos Castro. O blog a transformou
em uma “celebridade” internacional. Segundo Lamrani, a cubana já teria
recebido cerca de 575 mil reais em premiações internacionais, mais de
mil vezes o valor do salário mínimo anual na ilha, de cerca de 18
dólares por mês. Ou seja, dinheiro suficiente para desfrutar de
vantagens econômicas bem acima da média da população no país.
A reportagem de CartaCapital conseguiu averiguar pelo menos
184 mil reais destas premiações por meio dos sites oficiais das
condecorações.
A blogueira teria relações estreitas, diz o jornalista francês, com a
diplomacia norte-americana em Cuba a ponto de um eventual vazamento de
documentos oficiais pelo Wikileaks sobre encontros entres as
partes ter despertado preocupação na representação dos EUA na ilha. Mas
qual seria o motivo para o temor?
Alguns apontam que ela receberia suporte dos EUA para tentar
desestabilizar a imagem do regime cubano internacionalmente, o que,
apesar de suas ligações com a diplomacia norte-americana, nunca foi
comprovado.
Em setembro de 2011, a veracidade da entrevista de Sánchez com o
presidente dos EUA, Barack Obama, publicada em 2009 em seu blog, foi
desmentida por documentos publicados pelo Wikileaks.
As respostas para as perguntas da cubana enviadas por e-mail haviam
sido, na verdade, escritas por um funcionário da representação
diplomática estadunidense.
Os documentos também mostram que ela não enviou um questionário
semelhante ao presidente de Cuba, Raúl Castro, por não esperar uma
resposta do mandatário. À época da publicação da entrevista, a blogueira
disse ter questionado Castro, mas não obteve um parecer.
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O artigo de Lamrani, contesta ainda a popularidade do Twitter de
Yoani Sánchez, que possuía 214 mil seguidores em fevereiro. Apenas 32
deles vivem em Cuba.
Utilizando o site www.followerwonk.com,
que permite analisar o perfil de qualquer membro da rede social, o
jornalista descobriu que cerca de 50 mil dos seguidores da cubana são,
na verdade, contas fantasma ou inativas.
Destas, 27 mil sequer possuem foto e 2,9 mil seguem somente Sánchez.
Esse, diga-se, é um indicativo de fraude para conseguir mais seguidores,
utilizado por políticos durante eleições.
A blogueira segue 80 mil pessoas no Twitter e define no seu
perfil que realiza seus posts de Havana por meio de sms. Uma afirmativa
viável para os tweets, mas praticamente impossível para seguir esse
mesmo número de pessoas sem acesso diário à internet, ou por meio de uma
conexão semanal em um hotel, como Sánchez alega.
Segundo o jornalista, a análise da conta da blogueira na rede social
evidencia a necessidade do uso de uma conexão constante com a web. Desde
junho de 2010, ela passou a seguir mais de 200 pessoas por dia com pico
de 700.
Além disso, há um outro fator apresentado por Lamrani: o custo da
atividade política de Sánchez pelo Twitter. Ela posta 9,3
mensagens por dia, ou cerca de 400 por mês, equivalente a dois anos de
salários mínimos em Cuba em gastos.
Reportagem publicada no portal iG em 2010 informa que a
blogueira usa um celular “quase sem nenhum aplicativo” com um número no
Reino Unido para tweetar.
Neste caso, utilizando como base um celular pré-pago da companhia Vodafone,
essa mensagem seria considerada internacional e custaria 78 centavos de
dólar. O total mensal chegaria a 312 dólares ou 18 meses de sálário
mínimo em Cuba.
Dados a indicar que Sánchez não estaria sendo honesta sobre a
frequência de seus acessos à internet, ou que há alguém pagando sua
conta.
Fonte: CARTACAPITAL
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