María León.
Tucson (EUA), 14 jan (EFE).- O massacre de sábado passado em
Tucson estampou a tensa situação em que vive o Arizona, um estado
fronteiriço onde muitos ativistas e políticos vivem ameaçados por suas
posturas sobre o controle de armas ou a reforma migratória.
No sábado, um jovem descarregou sua pistola semiautomática
durante um ato organizado pela congressista democrata Gabrielle
Giffords, que levou um tiro à queima-roupa na cabeça.
No ataque seis pessoas morreram, entre elas o juiz federal John
Rol, e outras 14 ficaram feridas. Tanto a congressista como o juiz já
haviam recebido ameaças.
Em 2009, Rol aceitou que um processo de US$ 32 milhões,
apresentado por 16 imigrantes ilegais contra o polêmico fazendeiro Roger
Barnett, seguisse adiante, o que o levou, inclusive, a receber ameaças
de morte.
Gabrielle também foi vítima de fortes ataques por parte de um
movimento ultradireitista, alguns filiados do Tea Party, durante as
eleições legislativas de novembro, nas quais conseguiu ser reeleita para
um terceiro mandato representando o Distrito 8, que faz fronteira com o
México.
Sarah Palin, a líder mais conhecida do Tea Party, colocou o nome
de Gabrielle em uma lista de representantes, divulgada em março do ano
passado, que ela considerava que deveriam ser derrubados nas ultimas
eleições.
O massacre de Tucson serviu para colocar em evidência perante a
opinião pública as tensões vividas por um Estado que, para muitos
ativistas e políticos, está dividido pela intolerância, e regido por um
ambiente político polarizado especialmente por temas como a reforma da
saúde e da legislação migratória, assim como pelo controle da venda de
armas de fogo.
Uma pessoa que está sentindo na própria pele é o congressista
Raúl Grijalva, que na última campanha eleitoral esteve muito perto de
perder ao se transformar no alvo de grupos conservadores que o
criticavam por apoiar abertamente uma reforma migratória em nível
nacional.
"Acho que chegou o momento de nós como país, e especialmente
neste Estado, deixarmos de criar demônios e transformar um oponente em
inimigo", disse Grijalva à Agência Efe.
Seu escritório em Yuma foi alvo de um ataque a tiros depois que o
democrata, filho de um trabalhador mexicano, expressou publicamente seu
apoio a um boicote econômico ao estado do Arizona, quando foi aprovada a
polêmica lei estadual SB1070.
A SB1070 é a primeira lei estadual nos Estados Unidos que
criminaliza a presença de imigrantes ilegais. Também transforma os
policiais em potenciais agentes migratórios, pois os permite questionar o
status migratório de pessoas "suspeita" de estar de maneira ilegal nos
EUA.
Embora as cláusulas mais polêmicas da SB1070 tenham sido
bloqueadas por um juiz federal, a nova lei dividiu o Estado entre
aqueles que apoiam os direitos dos imigrantes e os que são a favor de
leis mais severas contra a imigração ilegal no país.
"Antes recebíamos ameaças e não prestávamos muita atenção, mas
agora com este atentado sofrido por Gabrielle acho que todos devemos nos
preocupar com a segurança", indicou Grijalva.
Isto inclui também, acrescentou, a segurança das famílias dos representantes públicos e seus trabalhadores.
O congressista democrata reconheceu que será difícil encontrar um
ponto de equilíbrio entre a segurança e a acessibilidade dos cidadãos.
Outro exemplo da divisão em que o Arizona vive há vários anos foi
o atentado sofrido por Mary Rose Wilcox, Supervisora do Condado de
Maricopa, que foi baleada em 1997 após uma votação para construir um
estádio de beisebol para a equipe profissional dos Arizona Diamondbacks.
"O homem que disparou disse que escutou algumas vezes na rádio que deveriam me tirar do caminho", relatou então Mary Rose.
Para a ativista Isabel García, diretora da Coalizão dos Direitos
Humanos no Arizona e que durante anos lutou a favor dos direitos dos
imigrantes, o estado simplesmente se transformou em "incubadora" do ódio
nos Estados Unidos. EFE
ml/tf
Fonte: DEUTSCHE WELLE
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