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sábado, 8 de janeiro de 2011

DEBANDADA (APOSTASIA) DE CATÓLICOS NA BÉLGICA


Pedofilia de padres leva 1.700 belgas a pedir 'desbatismo' só em 2010



Os escândalos de pedofilia que sacodem o seio da Igreja Católica belga estão afetando a fé de seus fiéis, como evidencia a crescente demanda de apostasias no país, um fenômeno global que consiste em dar baixa no registro de batismos.

"Quando não se está de acordo com uma organização da qual, além disso, não escolheu fazer parte, o mais lógico é sair dela", explica Damien Spleeters.


Na Bélgica, país majoritariamente católico, Spleeters, de 24 anos, faz parte de um número crescente de católicos irritados com a igreja, protagonista de um massivo escândalo de pedofilia.

Depois de ser revelado em abril de 2010 que o bispo de Bruges abusou de seu sobrinho dos 5 aos 18 anos, uma comissão avalizada pela própria instituição revelou os testemunhos de quase 500 casos de abusos sexuais nos últimos 60 anos, dos quais 13 acabaram no suicídio da vítima.

Spleeters escreveu no ano passado ao bispo de Tournai (oeste da Bélgica), do qual depende a paróquia em que foi batizado, para anunciar-lhe que não desejava que a Igreja continuasse "falando em seu nome" e para pedir-lhe que seu nome fosse "apagado" do registro de batismos.

"Embora lamentemos a sua decisão, a igreja respeita a liberdade de cada um e não pretende reter contra a vontade aqueles que querem abandoná-la", responderam-lhe no bispado, procedendo "logicamente" a sua excomunhão.

A resolução de Spleeters não é incomum, indica Daniel Leclerq, do grupo "Amigos da Moral Secular", que auxilia os católicos que querem se desbatizar na Bélgica.

"Os comentários do Papa Bento XVI contra o preservativo, a nomeação do conservador André-Joseph Léonard para a liderança da Igreja belga e as revelações de pedofilia levaram a um incremento do desbatizados", argumenta Leclerq.

Embora não existam dados oficiais em nível nacional, essa associação explica que, em 2010, trabalharam com 1.700 casos, frente a 380 em 2009 e 66 em 2008.

"Comparado com comunidade católica na Bélgica, esse número representa uma porcentagem muito pequena", relativiza Tommy Scholtes, porta-voz dos bispos belgas.

"Parece-me compreensível que as pessoas tenham problemas com a instituição", mas "uma história particular não pode fazer com que toda a Igreja se desequilibre", defende Scholtes.

Dos 10 milhões de belgas, 60% são batizados, mas, segundo uma pesquisa publicada nesta semana, apenas 8% da população confiam na Igreja, frente aos 28% em outubro de 2009.

Na prática, a renegação do batismo, um fenômeno que se estendeu no mundo com a proliferação de grupos ateus que oferecem seu apoio na Internet, consiste em escrever à paróquia em que se foi batizado para que seja anotado no registro que o antigo fiel deixou a Igreja.

Dessa forma, o "desbatizado" já não pode se casar ou ser enterrado na igreja ou ser padrinho ou madrinha.

A Igreja belga é a última que se viu envolvida em um grande escândalo de pedofilia, depois da norte-americana, da irlandesa e da alemã.

Os bispos do reino pediram perdão oficialmente, mas resistem a indenizar as vítimas, estimando que é a Justiça que deve estudar a conveniência dessa decisão.

As autoridades civis devem decidir se uma instituição deve pagar os prejuízos ocasionados quando seus "líderes não estão pessoalmente envolvidos nos crimes", defendeu o arcebispo Léonard no mês passado.

"Converteram-se em mestres da arte de correr densos véus", critica Spleeters.

Fonte: PAULOPES WEBLOG

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