A
maior parte das dívidas das campanhas presidenciais de 2010 poderá ser
"estatizada" graças a uma manobra dos líderes dos partidos no Congresso,
que, no fim do ano passado, elevaram em R$ 100 milhões a destinação de
recursos públicos para o Fundo Partidário em 2011.
Durante a tramitação do Orçamento, o subsídio governamental para o
funcionamento dos partidos aumentou em 62%, dos R$ 165 milhões previstos
na proposta inicial do governo para o valor recorde de R$ 265 milhões. O
incremento de R$ 100 milhões - o suficiente para sustentar por um ano
cerca de 100 mil beneficiários do programa Bolsa Família - foi aprovado
por todos os partidos, segundo a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT),
relatora do Orçamento.
A unanimidade tem uma explicação: todas as legendas foram
beneficiadas. O PT, por exemplo, ganhou uma receita extra de R$ 16
milhões - o equivalente a 60% da dívida deixada pela campanha de Dilma
Rousseff. A fatia adicional do PSDB é de R$ 11 milhões, valor suficiente
para cobrir todas as pendências da campanha do ex-presidenciável José
Serra, estimadas em cerca de R$ 9,6 milhões.
Tanto
o PT quanto o PSDB afirmaram, por meio de suas assessorias de imprensa,
que não usarão recursos do Fundo Partidário para saldar dívidas. O PSDB
informou que a sigla "pretende arrecadar com doadores o total do valor
da dívida". O PT também afirmou que não pretende aplicar verbas do Fundo
Partidário na quitação de dívidas, "daí não importa se o repasse será
maior ou não".
Representantes de partidos admitem, porém, abertamente ou de forma
reservada, que a elevação do repasse público para as legendas está
diretamente relacionada às dívidas contraídas durante a última campanha.
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