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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Não há piedade para os neonazis


Um militante neonazi durante uma manifestação em Beroun, a sudoeste de Praga, em 2007.

Um militante neonazi durante uma manifestação em Beroun, a sudoeste de Praga, em 2007.

Um mínimo de 22 anos de prisão por ter incendiado a casa de uma família cigana: a pena pronunciada em 20 de outubro contra quatro militantes neonazis checos é um exemplo a seguir para uma luta eficaz contra a escalada da extrema-direita no país e no resto da Europa, congratula-se a Respekt.


A transição do comunismo para a democracia ia ser uma grande aventura: isso percebia-se já durante a revolução [a Revolução de Veludo, em 1989]. Mas que essa aventura continuaria, ainda 20 anos depois, era então bastante menos evidente. E no entanto, é o que se passa. A título de exemplo, pode-se falar do caso dos neonazis, mais conhecido pela denominação eufemística de “os incendiários de Vítkov”.
Não há muito a criticar na ação movida contra os quatro neonazis. O tribunal deu prova de uma atitude firme e justa. Nos países ocidentais, quando um neonazi decide, no dia do aniversário do nascimento de Adolfo Hitler [em abril de 2009], após uma preparação meticulosa e em conjunto com outros neonazis, lançar durante a noite um cocktail molotov pela janela da casa de uma família cigana, a sua ação é qualificada de crime racista (ou de tentativa de assassínio) e muito severamente punida pela justiça.

Um veredito tranquilizador

Se ainda por cima as vítimas são crianças, que não representam qualquer ameaça e não estão em condições de se defender, deve ser ditada uma pena exemplar. É realmente tranquilizante constatar que o magistrado checo teve esta interpretação. Através das penas de prisão pronunciadas contra os criminosos neonazis (22 anos para três deles, 20 anos para o quarto), o Estado checo demonstrou que não tolera de todo tais atuações. E isso é o essencial.
A questão que se coloca é, evidentemente, saber que consequências terá este julgamento no movimento neonazi checo. A República Checa não conhece o fenómeno de simpatias pró-neonazis entre os polícias, que se traduziu em certos países da Europa Ocidental (como a Alemanha) por uma indulgência da corporação em relação aos movimentos de extrema-direita.

Uma linha política dura contra os neonazis

O Estado checo adotou com bastante celeridade uma linha política dura, como testemunha a legítima proibição do Partido Operário, que está ligado ao movimento neonazi. Por um lado, as penas excecionais pronunciadas contra os racistas de Vítkov poderão desencorajar muitos de cometer este tipo de crimes; por outro, pode-se temer que estas condenações sirvam para alguns de fermento na pertença ao núcleo duro do movimento neonazi na República Checa. Se hoje é apenas uma pálida cópia dos seus equivalentes ocidentais, pode ganhar amplitude no futuro.
O caso de Vítkov não é o único exemplo das mudanças que se manifestaram recentemente na República Checa, na abordagem de ações abertamente racistas. A condenação unânime da classe política, tanto de esquerda como de direita, suscitada pelas afirmações de Liana Janackova quando se candidatou às eleições para o Senado – “Sim, sou racista e não estou de acordo em que os ciganos se possam instalar em qualquer parte no meu bairro” – é outra boa ilustração desta tendência.
É verdade que o Presidente da República destoou um pouco, ao qualificar como inadequadamente pesadas estas condenações a penas de prisão superiores a 20 anos, pela perpetração de um crime racista executado a sangue-frio que provocou a mutilação de uma rapariguinha cigana. No mesmo dia, Vaclav Klaus indignava-se com a mesma paixão contra a supressão de algumas linhas aéreas e contra a intenção do Governo de lançar um imposto sobre as centrais fotovoltaicas… De tanto se indignar, até o Presidente se pode enganar.

Fonte: PRESSEUROP

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