O sargento Justin Griffith
(foto), 27, que se define como uma "ateu de trincheira", ficou furioso
com a baixa pontuação que obteve em um teste obrigatório de avaliação
psicológica por causa do quesito "espiritualidade". Sua base é o Fort
Bragg, na Carolina do Norte, Estados Unidos.
Ao término do teste, no mês passado, ele recebeu os seguintes
conselhos emitidos por um soft: “Você pode não ter consciência do
significado e propósito de sua vida. Às vezes, para você, é difícil
entender o que lhe ocorre e com as pessoas ao seu redor. Você precisa
questionar suas crenças, princípios e valores. A sua meta deve ser
melhorar a sua aptidão espiritual”.
Griffith criticou o diagnóstico em seu blog -- que, de tanto acessos,
ficou algumas horas fora do ar – e abriu uma polêmica nos Estados
Unidos.
O Exército começou a aplicar o teste em 2008. Trata-se de um
questionário para avaliar estado mental, emocional e social dos
soldados, além do espiritual, com o propósito de torná-los mais
resistentes a eventos traumáticos, como as guerras do Iraque e do
Afeganistão, e reduzir a taxa de suicídio.
Griffith, em seu blog, questionou a validade do teste, porque, pela
avaliação que recebeu, parece que ele, um ateu, é menos capacitado para
ser um soldado do que alguém ‘espiritual’. Disse estar surpreso pelo
fato de ninguém ter ainda denunciado a discriminação.
Para ele, por detrás da avaliação há uma pregação religiosa, cristã,
como em outras atividades e cerimônias do Exército, o que é
anticonstitucional. “Decidi reclamar porque fiz um juramento para
defender a Constituição”, disse.
“A espiritualidade é um assunto da intimidade de cada pessoa e ninguém
deveria ser submetido a uma coisa como essa. Não me importo com a busca
das pessoas por uma religião. Só não quero que tentem me empurrar uma
crença goela abaixo.”
O psicólogo e capitão do Exército Paul Laster disse que a avaliação tem o
respaldo da literatura científica e de entidades como a Organização
Mundial de Saúde como uma forma de prevenir comportamentos
autodestrutivos.
Ele ressaltou que espiritualidade e religiosidade não significam a mesma
coisa, mas até líderes religiosos criticaram o Exército. Elizabeth
Sholes, de um conselho de igrejas da Califórnia, defendeu a eliminação
do quesito “espiritualidade” do questionário. “Há jovens das mais
variadas denominações religiosas que colocam sua vida em risco e dizer a
eles que não são suficientemente bons cristãos é um insulto.”
Mikey Weinstein, da Fundação Liberdade Religiosa Militar, acusou o
Exército de usar o termo “espiritual” como sinônimo velado de
“religião”. Em carta ao Alto Comando, ele comunicou que, se até o dia
20 deste mês o teste continuar do jeito que está, vai recorrer à Justiça
contra a inconstitucionalidade.
O site Truthout informou que o programa de avaliação foi
desenvolvido sob a influência da teoria dos psicólogos que criaram os
métodos de tortura no Governo Bush.
Com informação do Fayobserver.com, Mediaite.com e Truhout.
Fonte: PAULOPES WEBLOG
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