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Advogado - Nascido em 1949, na Ilha de SC/BR - Ateu - Adepto do Humanismo e da Ecologia - Residente em Ratones - Florianópolis/SC/BR

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

BUGRETUR


Por defender a existência óbvia de raças, tenho sido condenado como racista. Tanto por negros como por judeus. Já fui inclusive processado por sete entidades indígenas por crime de racismo. Por ter afirmado que os índios não conseguiram escapar de uma cultura ágrafa e que os antropólogos queriam conservá-los como animais em museus intemporais para contemplação dos homens do futuro. Bem entendido, os indigenistas não levaram nada e tiveram de retirar seu cavalinho da chuva.


Pois não é que leio hoje, na coluna de Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, que foi inaugurado oficialmente o “turismo em terras indígenas, em que o visitante pode fazer trilha na floresta com os índios, participar com eles de pescas artesanais e dormir em tabas servidos com comida preparada na própria aldeia. O projeto, em estudo na Funai (Fundação Nacional do Índio), deve ser implantado até o fim deste ano. Mesmo paraísos como Raposa Serra do Sol, em Roraima, deverão ser abertos ao público”.

Os homens do futuro aí estão, contemplando os bugres em suas jaulas intemporais. Na verdade, isto não é exatamente novo. Desde há muitos anos, estrangeiros – e mesmo brasileiros – são levados a visitar o zoológico. Deve fazer uns cinco anos. Amigos franceses, fascinados pelo lado exótico do Brasil, me convidaram para uma tournée de Belém a Manaus. Claro que não fui, é passeio que não me interessa. Prefiro Madri ou Paris. Mas não é disto que quero falar. Ao voltar, os franceses me contaram que foram levados, por uma trilha, a uma aldeia qualquer, não lembro se no Pará ou no Amazonas. Antes de chegar na aldeia, o guia apitava. Para que os bugres se vestissem de bugres. Para contemplação dos franceses.

Não tenho apreço algum pelas culturas primitivas brasileiras, por essas gentes que, em milênios de existência, não conseguiram chegar nem à roda nem a um alfabeto. Me atrai mais voltar no tempo, uns dois mil e trezentos anos, à antiga Grécia de Sócrates, Platão e Aristóteles. No dia em que os selvagens brasileiros conseguirem voltar esses dois mil e trezentos anos, talvez pense em visitá-los.

Há bem mais de década, tive uma discussão acirrada com uma antropóloga espanhola, no trem Paris/Madri. Falávamos de Brasil e ela, como boa antropóloga, logo falou dos índios. Ah, si – le contesté – los salvajes de nuestro continente. Ficou perplexa. Salvajes? No conosco esta palabra. Jamás he oído hablar. Bueno, chica, entonces no conoces el español. Está registrada no dicionário da Real Academia, como "natural de aquellos países que no tienen cultura".

O europeu tem um fascínio, que eu classificaria como doentio, pelas culturas primitivas. Herança certamente de Rousseau e de sua tese do “bon sauvage”. O homem integrado à natureza é naturalmente bom. Claro que os europeus ignoram – e nem querem saber – que o “bon sauvage” brasileiro é alguém que espanca mulheres e enterra crianças vivas.

Em minha primeira viagem à Europa, em 1971, encontrei nos salões do Eugenio C uma parisiense que voltava da Amazônia. Foi a minha vez de ficar perplexo. Que fazia uma parisiense na Amazônia? Lá só tem índios, bichos e árvores. C’est magnifique, me disse. Questão de pontos de vista. Para mim, magnifique era Paris, sua história, cultura, artes, arquitetura, gastronomia, seus queijos e vinhos, as francesas e demais mulheres que lá aportavam. Jamais me ocorreu ir atrás de índios, bichos e árvores.

A novidade do “novo” turismo é que a Funai o patrocina. Para que este turismo seja bem sucedido, é necessário manter os índios em suas aldeias. Mesmo que usem jeans e curtam rádio, televisão, GPS, internet.

Desde que não saiam da jaula e se vistam como índios quando o guia apita, tudo bem.

Fonte: Blog do JANER CRISTALDO


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Se querem acabar com o que resta dos íncolas, o BUGRETUR parece uma medida adequada. Fico imaginando as epidemias  que os "civilizados" incumbir-se-ão de provocar, intencionalmente ou não, ao levarem virus de doenças às quais os silvícolas não estão preparados para resistir. Se a FUNAI  consentir em tal espécie de turismo, poderá haver novo genocídio.

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