Por defender a existência óbvia de
raças, tenho sido condenado como racista. Tanto por negros como por
judeus. Já fui inclusive processado por sete entidades indígenas por
crime de racismo. Por ter afirmado que os índios não conseguiram escapar
de uma cultura ágrafa e que os antropólogos queriam conservá-los como
animais em museus intemporais para contemplação dos homens do futuro.
Bem entendido, os indigenistas não levaram nada e tiveram de retirar seu
cavalinho da chuva.
Pois não é que leio hoje, na coluna de Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo,
que foi inaugurado oficialmente o “turismo em terras indígenas, em que o
visitante pode fazer trilha na floresta com os índios, participar com
eles de pescas artesanais e dormir em tabas servidos com comida
preparada na própria aldeia. O projeto, em estudo na Funai (Fundação
Nacional do Índio), deve ser implantado até o fim deste ano. Mesmo
paraísos como Raposa Serra do Sol, em Roraima, deverão ser abertos ao
público”.
Os homens do futuro aí estão, contemplando os bugres em
suas jaulas intemporais. Na verdade, isto não é exatamente novo. Desde
há muitos anos, estrangeiros – e mesmo brasileiros – são levados a
visitar o zoológico. Deve fazer uns cinco anos. Amigos franceses,
fascinados pelo lado exótico do Brasil, me convidaram para uma tournée
de Belém a Manaus. Claro que não fui, é passeio que não me interessa.
Prefiro Madri ou Paris. Mas não é disto que quero falar. Ao voltar, os
franceses me contaram que foram levados, por uma trilha, a uma aldeia
qualquer, não lembro se no Pará ou no Amazonas. Antes de chegar na
aldeia, o guia apitava. Para que os bugres se vestissem de bugres. Para
contemplação dos franceses.
Não tenho apreço algum pelas culturas
primitivas brasileiras, por essas gentes que, em milênios de
existência, não conseguiram chegar nem à roda nem a um alfabeto. Me
atrai mais voltar no tempo, uns dois mil e trezentos anos, à antiga
Grécia de Sócrates, Platão e Aristóteles. No dia em que os selvagens
brasileiros conseguirem voltar esses dois mil e trezentos anos, talvez
pense em visitá-los.
Há bem mais de década, tive uma discussão
acirrada com uma antropóloga espanhola, no trem Paris/Madri. Falávamos
de Brasil e ela, como boa antropóloga, logo falou dos índios. Ah, si –
le contesté – los salvajes de nuestro continente. Ficou perplexa.
Salvajes? No conosco esta palabra. Jamás he oído hablar. Bueno, chica,
entonces no conoces el español. Está registrada no dicionário da Real
Academia, como "natural de aquellos países que no tienen cultura".
O
europeu tem um fascínio, que eu classificaria como doentio, pelas
culturas primitivas. Herança certamente de Rousseau e de sua tese do
“bon sauvage”. O homem integrado à natureza é naturalmente bom. Claro
que os europeus ignoram – e nem querem saber – que o “bon sauvage”
brasileiro é alguém que espanca mulheres e enterra crianças vivas.
Em
minha primeira viagem à Europa, em 1971, encontrei nos salões do
Eugenio C uma parisiense que voltava da Amazônia. Foi a minha vez de
ficar perplexo. Que fazia uma parisiense na Amazônia? Lá só tem índios,
bichos e árvores. C’est magnifique, me disse. Questão de pontos de
vista. Para mim, magnifique era Paris, sua história, cultura, artes,
arquitetura, gastronomia, seus queijos e vinhos, as francesas e demais
mulheres que lá aportavam. Jamais me ocorreu ir atrás de índios, bichos e
árvores.
A novidade do “novo” turismo é que a Funai o patrocina.
Para que este turismo seja bem sucedido, é necessário manter os índios
em suas aldeias. Mesmo que usem jeans e curtam rádio, televisão, GPS,
internet.
Desde que não saiam da jaula e se vistam como índios quando o guia apita, tudo bem.
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Se querem acabar com o que resta dos íncolas, o BUGRETUR parece uma medida adequada. Fico imaginando as epidemias que os "civilizados" incumbir-se-ão de provocar, intencionalmente ou não, ao levarem virus de doenças às quais os silvícolas não estão preparados para resistir. Se a FUNAI consentir em tal espécie de turismo, poderá haver novo genocídio.
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