Quando eu afirmei (na matéria sobre a dioxina em produtos alimentícios na Alemanha), que os controles, por aqui, não funcionam a contento, alguns amigos disseram que eu estava subestimando nosso país.
Mas eu pauto meus comentários pelo meu convencimento.
Pois bem. Vejam a notícia que segue:
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Risco de contrair HIV em transfusão no Brasil é 20 vezes maior que nos EUA
Ministério da Saúde questiona estudo da Fundação Pró-Sangue de São Paulo feito por estimativa
Lígia Formenti, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA - Uma pesquisa feita em três hemocentros
brasileiros no período entre 2007 e 2008 indica que o risco de contrair
HIV em transfusões de sangue no Brasil é 20 vezes maior que nos Estados
Unidos. O trabalho, feito por estimativa, calcula que uma em cada 100
mil bolsas de sangue do País podem estar contaminadas pelo vírus
causador da aids. Nos EUA, a relação é de 1 para cada 2 milhões de
bolsas.
Marcio Fernandes/AE
Pesquisa foi feita em três hemocentros entre 2007 e 2008
Embora muito mais elevados do que americanos e de alguns países
europeus, os índices brasileiros melhoraram. Uma versão anterior do
levantamento indicava que 1 em cada 60 mil bolsas poderiam estar
contaminadas pelo HIV. "Precisamos avançar na segurança. Mas não há
dúvida de que muito já foi feito", afirma a coordenadora desse trabalho,
Ester Sabino, da Fundação Pró-Sangue de São Paulo. De acordo com os
números atuais, entre 30 e 60 pessoas por ano podem ser contaminadas por
sangue doado.
Na versão anterior da pesquisa, a estimativa era de que entre 50 e
100 indivíduos pudessem se infectar. O coordenador nacional da Política
de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde, Guilherme Genovez,
questiona os índices apresentados no estudo. "Eles estão mais para um
oráculo. Foram feitos por estatística, não podem ser considerados fato",
observou. Para mostrar a segurança do sangue no Brasil, Genovez cita um
levantamento feito em 130 mil bolsas de sangue coletadas em hemocentros
de Santa Catarina, São Paulo, Rio e Pernambuco: o vírus não foi
identificado em nenhuma amostra.
Financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH,
em inglês), o levantamento coordenado por Ester foi feito a partir da
análise de bolsas de sangue coletadas nos hemocentros de São Paulo,
Minas e Pernambuco. Durante a apresentação dos resultados, em congresso
da Associação Americana de Bancos de Sangue, a autora classificou como
"alto" o risco residual para HIV em transfusões de sangue no Brasil. A
doação no País, no entanto, é precedida de uma série de cuidados: os
candidatos passam por entrevistas para detectar situações de risco de
contaminação recente com o vírus. Passada essa fase, o sangue é
submetido a testes para identificar a presença do HIV.
O problema está no que médicos chamam de janela imunológica,
período no qual a presença do vírus não é descoberta pelo exame. O mesmo
problema ocorre com hepatite C, cuja janela imunológica é de 50 dias.
Os reflexos dos exames "falso negativos" podem ser constatados nas
estatísticas. Dados do Ministério da Saúde mostram que 13,3% dos casos
da doença confirmados em 2009 foram causados por transfusão de sangue.
Uma das alternativas para melhorar a segurança é a introdução de
rotina do uso de um teste batizado de NAT, que identifica traços do
vírus no sangue e não de anticorpos, como os exames tradicionais.
Ester calcula que, com o início do teste, o risco de infecção por
HIV passaria de 1 em 100 mil para um em cada 250 mil. "O exame, sozinho,
não basta. O resultado não vai a zero, nem chega próximo do que é
identificado nos Estados Unidos", diz. Para a professora, é importante
reduzir uma prática ainda comum de as pessoas buscarem bancos de sangue
para fazer testagem de HIV. "Além do NAT, dependemos de mudanças de
comportamento de alguns doadores mais expostos ao HIV para que não façam
doações", afirmou.
Fonte: ESTADO DE SP
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