Hospital esconde pacientes de novo ministro da Saúde
Usuários também dizem que foram feitas obras de madrugada
POR PÂMELA OLIVEIRA
Rio - Em sua primeira agenda oficial fora de Brasília, o novo
ministro da Saúde, Alexandre Padilha, visitou o Hospital estadual Albert
Schweitzer, em Realengo, mas segundo os pacientes não conheceu a
realidade. Acompanhantes contaram que o local foi “maquiado” e que
pacientes tiveram dificuldades de dormir devido ao barulho de obras de
madrugada. Usuários também acusaram a equipe da unidade de escondê-los
para que não fossem vistos por Padilha.
“Colocaram todo mundo que estava esperando para fazer raios-x numa
sala fechada para o ministro não ver a gente na fila. O ministro precisa
chegar aqui sem avisar para saber como é de verdade”, disse a dona de
casa Adriana Santos, 36 anos. “Fiquei revoltada. Eu não fiz nada para
ser escondida”, disse.
A aposentada Sueli Rosa, 62 anos, que acompanhava a mãe, disse que
viu quando os pacientes foram retirados do caminho do ministro. “Eles
deveriam deixar o ministro ver a fila. Quem sabe ele não poderia ajudar
mandando contratar mais funcionários? Esconder é uma vergonha”.
Rosélia Guimarães, que acompanhava a irmã, contou que os funcionários
trabalharam durante a madrugada. “Eles trabalharam 24 horas para deixar
o hospital bonito. Foi difícil dormir”.
ELEVADOR PAROU
No fim da visita, Padilha passou por um imprevisto: o elevador em que
estava ao sair do CTI, que fica no 3º andar, parou e ele teve que usar
as escadas. “O elevador parou e a porta abriu. Foi o excesso de peso”,
disse, brincando.
Sérgio Côrtes, secretário estadual de Saúde, também desceu de escada e
negou que tenha havido ‘maquiagem’. “O ministro confirmou a visita há
dois dias. Então alguém teve bola de cristal há uma semana. São obras de
manutenção”. Em nota, o estado nega que pacientes tenham sido
escondidos. Também esteve na visita o ministro de Relações
Institucionais, Luiz Sérgio.
Faltam vistorias em residências
Sob risco iminente de sofrer com uma epidemia de dengue, o município não
cumpre recomendação do Ministério da Saúde de fazer, pelo menos, uma
vistoria bimestral em cada imóvel. Em 2010, foram cerca de 4,2 milhões
de visitas na cidade, segundo a Secretaria municipal de Saúde — só de
domicílios são 2,1 milhões no Rio.
“Existem pendências importantes ainda na cidade. Esse ano a gente
aumentou em mais de 200 mil visitas em relação a 2009. Mas é pouco. A
gente precisa avançar ”, admitiu o secretário municipal de Saúde, Hans
Dohmann, que participou, com o ministro Alexandre Padilha, da aula
inaugural de 1.200 agentes de endemia ontem. “A dengue é nosso desafio
imediato”, disse o ministro.
Hoje, Padilha e o prefeito de Queimados, Max Rodrigues Lemos,
inauguram o Hospital Geral de Queimados. Depois de 20 anos em obras, a
unidade funcionará com um Centro Especializado no Tratamento de
Hipertensão e de Diabetes.
Fonte: O DIA
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