Menos de dois
meses depois de assumir o governo, em janeiro de 1933, Hitler mandou
construir o primeiro campo de concentração. O complexo de Dachau foi
usado primeiramente para prender adversários políticos. A partir de
1935, testemunhas de Jeová, homossexuais e presos já condenados também
passaram a ser enviados ao campo.
Três anos depois,
prisioneiros judeus, principalmente do oeste e do sul da Alemanha,
passaram a ser transportados para Dachau. Segundo os livros de registro,
206 mil pessoas estiveram encarceradas ali durante o período da
ditadura nazista.
O
campo de concentração de Dachau foi também o primeiro a ser libertado
pelas tropas aliadas. Em 29 de abril de 1945, soldados americanos
encontraram ali 32 mil sobreviventes, em condições inteiramente
desumanas.
Memória das vítimas
Logo após a guerra, o
campo começou a ser demolido. Mas decidiu-se, em seguida, que deveria
ser preservado pelo menos parcialmente, sendo transformado num monumento
em memória das vítimas do nazismo. Hoje, o complexo é visitado por
centenas de milhares de turistas a cada ano.
Entra-se no campo por
uma passagem entre fossos e altos muros, com torres de vigia e arame
farpado. O roteiro da visita começa pelo museu, em cujo saguão um painel
localiza os principais campos de concentração construídos pelos
nazistas na Europa. A quantidade surpreende.
No
edifício central, que originalmente abrigava cozinha, lavanderia,
armazéns e sala de torturas, hoje está instalada uma exposição que conta
a história do campo: os antecedentes da implantação do Terceiro Reich; a
chegada de Hitler ao poder; a perseguição dos judeus; a construção do
campo de Dachau; a admissão e classificação dos presos; a vida, os
castigos e os trabalhos no campo de concentração.
Exposição
A exposição mostra os
experimentos médicos feitos no campo de Dachau e o transporte de
inválidos para serem mortos em câmaras de gás de outros campos. No final
da mostra, pode-se ver imagens que documentam a libertação dos
prisioneiros sobreviventes pelos soldados americanos.
O acervo é composto
por jornais, panfletos, fotos, livros, documentos, cartas de
prisioneiros, roupas e objetos diversos. Na sala de audiovisual, os
visitantes podem assistir a um filme documentário sobre o período
nazista e os horrores no campo de concentração de Dachau.
Do
lado externo do edifício central está o monumento às vítimas do
nazismo: não só judeus, mas também adversários políticos (principalmente
comunistas), sacerdotes e outros inimigos do Estado nazista. A lista
oficial indica que quase 32 mil pessoas morreram no campo, mas nela não
estão incluídos seis mil soldados soviéticos e centenas de presos
fuzilados às vésperas da chegada das tropas americanas.
Cinismo nazista
Do monumento pode-se
caminhar até o portão de grades, na única entrada original do campo.
Nele permanece ainda hoje o cínico lema dos campos de concentração
nazistas: "O trabalho liberta" (Arbeit macht frei).
Muitos presos eram
cedidos como mão de obra gratuita para as indústrias da região ou para
os serviços de limpeza de ruas em Dachau.
A maior parte do
terreno do campo era ocupado por 30 alojamentos, duas enfermarias e uma
cantina. Nenhum desses prédios foi preservado depois da guerra. Mas dois
deles foram reconstruídos posteriormente para mostrar aos visitantes as
condições em que viviam os prisioneiros. A área dos demais está apenas
demarcada e uma foto panorâmica mostra como era o campo originalmente.
Câmaras de gás
Do
outro lado do campo estão os memoriais católico, evangélico e
israelita. À esquerda, chega-se aos crematórios, construídos em 1940 e
1942 para os prisioneiros mortos no campo de Dachau.
Ali também se pode
visitar as câmaras de gás disfarçadas de chuveiros coletivos, para o
extermínio em massa. As câmaras de Dachau, contudo, nunca chegaram a ser
usadas.
A cidade
Após a visita ao campo
de concentração, recomenda-se um passeio pelo centro da cidadezinha de
Dachau. Localizada sobre um morro, nos dias de bom tempo tem-se de lá
uma bela visão panorâmica dos Alpes bávaros.
No centro histórico da
cidadezinha, a atração é o antigo palácio em estilo renascentista,
construído no século 16 e que foi residência de duques e condes. No
século 19, as tropas de Napoleão Bonaparte causaram grandes danos ao
palácio. Das quatro alas originais, restou apenas uma, onde se encontra o
cômodo mais interessante, o salão de festas, com um teto em madeira
esculpida.
No início do século
20, antes que a tragédia marcasse a cidade, Dachau acolheu uma
importante colônia de pintores impressionistas, atraídos pela beleza da
paisagem ao seu redor. Várias obras desse período podem ser apreciadas
hoje em museus e galerias da Baviera.
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